Você já ouviu falar em “sepse”?

Você já ouviu falar em “sepse”?

Provavelmente, muitos pais e cuidadores nunca ouviram esse termo, apesar da sepse ser uma condição antiga e perigosa. É possível que você a conheça como “septicemia” ou “infecção generalizada”. Mas, afinal, o que é sepse?

A sepse é uma condição grave, uma emergência médica que precisa ser reconhecida e tratada rapidamente. Ela ocorre quando o corpo, na tentativa de combater uma infecção, reage de forma descontrolada, causando danos aos próprios órgãos, como o coração, pulmões, cérebro e rins, colocando a vida do paciente em risco. A sepse pode ser causada por infecções comuns da infância, desencadeadas por vírus, bactérias ou protozoários.

Você pode se perguntar: “Todo mundo pode ter sepse? Por que algumas pessoas desenvolvem sepse e outras não?” A evolução para sepse depende do tipo de patógeno (o agente causador da infecção), das condições de saúde do paciente e do ambiente em que ele vive. Certos grupos são mais vulneráveis, como recém-nascidos, pessoas com doenças crônicas, pacientes em terapia imunossupressora, aqueles que foram internados recentemente ou que fizeram uso de antibióticos. Os pacientes com desnutrição e pacientes que vivem em regiões com condições sanitárias precárias também apresentam um risco maior de uma infecção evoluir para sepse. Esses pacientes têm o sistema imunológico enfraquecido e, portanto, são mais suscetíveis à sepse.

Os pais podem e devem estar atentos aos sinais de sepse, buscando imediatamente ajuda médica se a criança apresentar febre, respiração acelerada, palpitações (batimentos cardíacos muito rápidos), palidez, extremidades arroxeadas, sonolência excessiva ou manchas pelo corpo.

É importante destacar que a sepse pode ser prevenida. Manter a carteira de vacinação das crianças em dia, praticar boa higiene, incluindo a lavagem frequente das mãos, e usar antibióticos apenas quando prescritos por um médico são medidas eficazes para prevenir essa condição.

A sepse é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um problema de saúde pública global. Anualmente, mais de 25 milhões de crianças e adolescentes desenvolvem sepse, e mais de 3,5 milhões morrem em decorrência dessa condição. No Brasil, um estudo coordenado pelo Instituto Latino-Americano de Sepse revelou que mais de 42.000 crianças são internadas em Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica com sepse a cada ano, e mais de 8.300 delas não sobrevivem. Quando a sepse não leva à morte, ela pode deixar marcas que afetam a mente, o corpo e as emoções dos pacientes e de seus familiares.

O Dia Mundial da Sepse, celebrado em 13 de setembro, é uma oportunidade para instituições de vários países realizarem campanhas que visam aumentar o conhecimento sobre essa grave condição. Junte-se a nós no combate à sepse: informe-se e compartilhe o que aprendeu.

Saiba mais:

https://ilas.org.br/dia-mundial-da-sepse/Rudd KE, Johnson SC, Agesa KM, Shackelford KA, Tsoi D, Kievlan DR, et al. Global, regional, and national sepsis incidence and mortality, 1990-2017: analysis for the Global Burden of Disease Study. Lancet. 2020;395(10219):200-11.

de Souza DC, Gonçalves Martin J, Soares Lanziotti V, de Oliveira CF, Tonial C, de Carvalho WB, et al. The epidemiology of sepsis in paediatric intensive care units in Brazil (the Sepsis PREvalence Assessment Database in Pediatric population, SPREAD PED): an observational study. Lancet Child Adolesc Health. 2021;5(12):873-81.

Relatora:
Daniela Carla de Souza
Presidente do Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS)
Membro do Departamento Científico de Terapia Intensiva da Sociedade de Pediatria de São Paulo