Relatora: Helena Keico Sato
Presidente do Departamento Científico de Infectologia da SPSP; Diretora Técnica da Divisão de Imunização do CVE Prof Alexandra Vanjac/CCD/SES-SP; Doutora em Pediatria pela FMUSP, São Paulo, SP, Brasil.
Sociedade de Pediatria de São Paulo – 8/06/2010
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
Os vírus respiratórios são os principais responsáveis pelas infecções da árvore traqueobrônquica e também das pneumonias na infância e dentre eles está o vírus sincicial respiratório (VSR). É um vírus pertencente à família Paramyxoviridae, gênero Pneumovírus, e frequentemente circula na mesma época que o vírus influenza.
Dados sazonais no Estado de São Paulo sugerem que o VSR é a principal causa de mortalidade em crianças menores de cinco anos de idade, especialmente naquelas entre um e 11 meses de idade, faixa de maior risco para doença grave por este agente (Durigon EL, 2000).
Em um estudo realizado no Hospital Universitário da USP, entre 126 crianças hospitalizadas por infecção respiratória, em 71 (56,4%), foi isolado um vírus respiratório, e o VSR foi o principal vírus identificado (Miyao CR, 1999).
Em outro estudo realizado no Instituto da Criança/HCFMUSP, observou que entre 118 recém-nascidos (RN) internados com infecção respiratória, em 72 (61,0%), houve identificação viral e o VSR foi o principal agente etiológico (Vieira RA, 2002).
Nos Estados Unidos, estima-se que o VSR é o responsável por aproximadamente 84.000 a 144.000 hospitalizações de crianças menores de cinco anos de idade, e por 4.500 óbitos por ano.
Alguns fatores podem aumentar a freqüência e a gravidade das infecções respiratórias agudas, principalmente devido aos vírus respiratórios: prematuridade (principalmente abaixo de 32 semanas), doença pulmonar crônica neonatal (displasia broncopulmonar), cardiopatias congênitas com hipertensão pulmonar, doenças imunológicas, metabólicas ou genéticas, domicílios populosos, poluição, tabagismo passivo, malformações anatômicas, baixo peso ao nascimento, desnutrição, freqüentar creches, idade inferior a seis meses no período epidêmico, ausência de aleitamento materno e hospitalizações prolongadas (Bricks LF, 2001).
ANTICORPOS MONOCLONAIS CONTRA O VSR (Palivizumab, Synagyis®)
Este produto foi aprovado nos Estados Unidos em 1998. Esta nova opção de imunização passiva surgiu com o desenvolvimento de anticorpos monoclonais contra os tipos A e B do VSR.
Estudo de eficácia realizado em 139 centros dos EUA, Canadá e Reino Unido, onde foram incluídos 1.502 RN pré-termo com ou sem displasia broncopulmonar, apresentou uma redução de 55% nas hospitalizações por VSR e redução no período de internação (The impact-RSV Study Group, 1998).
A dose utilizada é de 15mg/kg, via intramuscular, durante a temporada de inverno. É um produto é bem tolerado e pouco reatogênico.
Abaixo, segue de forma esquemática as recomendações dos Departamentos da Sociedade Brasileira de Pediatria.
FONTE: SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria
CRITÉRIOS PARA LIBERAÇÃO DO PALIVIZUMABE PELA SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE SÃO PAULO
Desde 2008, de acordo com a Resolução SS 249 de 13 de julho de 2007, ficou estabelecido, que o palivizumabe será liberado para as situações altamente recomendadas, de acordo com os critérios da Sociedade Brasileira de Pediatria:
- Crianças menores de um ano de idade que nasceram prematuras (idade gestacional menor ou igual a 28 semanas), após alta hospitalar;
- Crianças menores de 2 anos de idade, portador de DPCP, com necessidade de tratamento, nos seis meses anteriores ao período de sazonalidade;
- Crianças menores de 2 anos de idade, portadores de cardiopatia congênita com repercussão hemodinâmica importante.
O responsável pela criança poderá obter o palivizumabe, apresentando uma ficha preenchida pelo médico, que deverá ser entregue na assistência farmacêutica do seu município. Ver site www.cve.saude.sp.gov.br
Referências bibliográficas
- American Academy of Pediatrics. Committee on fetus and newborn. Prevention of respiratory syncytial virus infection: indication for the use of palivizumab and update on the use of RSV-IGIV. Pediatrics 1998;102:1211-6.
- Bricks LF. Prevention of respiratory syncytial vírus infections. Rev Hosp Clin Fac Med S Paulo 2001;56(3):79-90.
- Durigon EL, Takahashi VNVO, Soares PBM, Botosso VF. Vírus sincicial respiratório. Revisão e levantamento de dados brasileiros. São Paulo, Abbot Divisão Hospitalar, 2000. Monografia.
- Miyao CR, Giglio AE, Vieira S et al. Infecções virais em crianças internadas por doença aguda do trato respiratório inferior. J Pediatr 1999;135:S28-32.
- The impact-RSV study group. Palivizumab, a humanized respiratory syncytial virus monoclonal antibody, reduces hospitalization from respiratory syncytial virus infection in high-infants. Pediatrics 1998;102:531-7.
- Vieira RA. Estudo clínico e laboratorial evolutivo de recém-nascidos portadores de infecção do trato respiratório inferior por vírus respiratório. Tese de Mestrado, São Paulo. Departamento de Pediatria, FMUSP, 2002.
Texto recebido em 4/06/2010 e divulgado no portal da SPSP em 8/06/2010.