Neste Dia das Crianças, a SPSP oferece uma reflexão. Será que nós estamos tratando as crianças como elas realmente são? Ao mesmo tempo, a SPSP te faz um convite!
VAMOS RESGATAR A INFÂNCIA?
A edição de setembro da Revista Vogue expôs crianças em poses sensuais. As imagens causaram uma repercussão negativa e, após 11 denúncias, o Ministério Público determinou a retirada da circulação da Revista.
A atitude da Revista Vogue expressa a tentativa dos veículos de comunicação de massa, principalmente a televisão, de fortalecer a ideologia da criança como um consumidor em potencial, sendo alvo de grande parte dos anúncios publicitários. Como diz Tatiana Landini: “Não é difícil encontrar propagandas e anúncios onde a criança é mostrada em pose sensual ou em um contexto de sedução”. Foi o que vimos com grande pesar na revista Vogue Kids, nos perguntando: no que estão transformando a infância?
Desde cedo, as crianças do sexo feminino são persuadidas em seguir a moda adulta do momento, exibindo as unhas pintadas, saltos altos, maquiagem, cabelos tingidos. São incentivadas a consumir dentro do mercado da moda, exatamente como uma miniatura de um adulto. Meninas e meninos são expostos à erotização precoce, devido ao conteúdo impróprio exibido de forma descontrolada pela mídia, com mais enfoque na Internet. Muitas vezes os adultos não possuem uma relação psicológica saudável com o sexo e isso poderá refletir-se em seus filhos, como usar termos sexuais na linguagem cotidiana ou fazer piadas excessivas sobre o tema.
Em uma época de anulação da infância, em que a criança não vivencia certas etapas saudáveis em seu desenvolvimento, é questão desafiadora saber qual é a ideologia que permeia atualmente a infância nas diversas instituições que, direta ou indiretamente, dela se ocupam. Torna-se necessário, como o defende Buckingham, mais do que diretamente proteger as crianças do mercado publicitário, da publicidade e suas imposições, conhecer estas relações de maneira a promover a reflexão, através de um processo educativo, sobre a cultura do consumidor e os princípios econômicos através dos quais este mundo funciona.
Essa deve ser uma consideração urgente, especialmente para o ambiente familiar, em que a criança age por imitação. E ainda mais fortemente para o universo que envolve o crescimento e desenvolvimento infantis. Pediatras, psicólogos, educadores devem promover a reflexão, a produção de conhecimento e o alerta para o desenvolvimento saudável.
Lembremos que cabe a nós, pais ou adultos, proteger as crianças desta exposição insalubre, que incentiva a pedofilia, a aniquilação da infância e que, frequentemente, adentra nossa sociedade de forma velada e, no caso da Vogue Kids, de forma constrangedoramente explícita.
Que ações como essas sejam denunciadas e que as crianças tenham o direito de serem o que realmente são: crianças!
Feliz Dia das Crianças!
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Relatora:
Regina M C Gikas
Departamento Científico de Segurança da SPSP.
Publicado em 10/10/2014.
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