No dia 24 de agosto é celebrado o Dia da Infância. O objetivo desta data é promover uma reflexão sobre a defesa dos direitos das crianças. Embora saibamos da importância de muitos dos aspectos relacionados ao desenvolvimento saudável da criança, ainda há muito trabalho a ser feito no Brasil e no mundo.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) foi estabelecido há 32 anos propondo garantir os direitos na infância e juventude, mas ainda hoje aproximadamente 6 milhões de crianças no Brasil vivem em situação de extrema pobreza e mais da metade sem aporte nutricional suficiente, segundo a Unicef.
Com a pandemia da Covid-19 essa situação se agravou, com prejuízos ainda maiores, tanto na nutrição quanto no aprendizado. Segundo relatório assinado pela Unicef e Unesco, estima-se que 80% das crianças ao final do ensino fundamental I não conseguem compreender um texto simples, comparado com 50% antes da pandemia; assim como também se agravou a desigualdade entre as diferentes classes sociais.
Muito se fala sobre os primeiros mil dias de vida (período do início da gestação até os dois anos) serem fundamentais para o desenvolvimento da criança, com ênfase no aleitamento e nutrição de qualidade, mas a atenção à saúde integral deve ser acompanhada durante toda a infância e juventude.
Para que uma criança atinja seu pleno potencial, o ambiente em que ela vive deve ser saudável e estimulante. O brincar é uma das principais atividades da infância e é fundamental para o amadurecimento e crescimento saudável. É tão necessário quanto o sono e a alimentação, pois impulsiona a criança a explorar o ambiente ao seu redor. A ausência ou diminuição da mobilidade, reflexos da oferta de brinquedos “prontos” ou de eletrônicos, reduz enormemente as oportunidades de desenvolvimento integral das crianças.
Nós pediatras podemos ajudar a modificar esse cenário, praticando boa medicina no nosso dia a dia e acolhendo nossos pacientes e familiares nas suas mais diversas necessidades, com exemplos como se segue:
- incentivar o aleitamento materno;
- acompanhar o desenvolvimento global das crianças, tanto pôndero-estatural quanto seu desenvolvimento motor e cognitivo;
- orientar pais e cuidadores quanto à estimulação motora desde as primeiras consultas;
- estimular o livre brincar e o não uso de eletrônicos nos primeiros dois anos de vida;
- conhecer melhor os recursos que nossa comunidade pode propiciar aos nossos pacientes;
- argumentar com naturalidade sem confrontar pacientes que hesitam em vacinar;
- manter-se sempre atualizado na área de atuação;
- engajar-se em ações comunitárias voluntárias
“Quem salva uma vida, salva a humanidade” (Talmud)
Relator:
Roberto Bittar
Núcleo de Estudos da Prática de Atividade Física e Esportes na Infância e Adolescência
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