Uma pequena vela acesa na escuridão da noite

Uma pequena vela acesa na escuridão da noite

O sofrimento humano, assim como o mal, serão sempre temas desafiadores para o entendimento de qualquer pessoa. Acredito que a melhor maneira de continuar sendo “otimista” com a humanidade é destacar que atos de bondade e de justiça continuam sendo realizados em extraordinária quantidade.

Faz parte do lado bom desse cenário ruim a comemoração do Dia Mundial Humanitário. É uma data especial, destinada a homenagear e reconhecer o trabalho incansável e altruísta de profissionais e organizações humanitárias em todo o mundo.

A origem do Dia Mundial Humanitário remonta a 2008, quando a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou uma resolução designando o dia 19 de agosto como um momento para prestar homenagem aos trabalhadores em atividades de assistência humanitária e para lembrar o público sobre as vidas perdidas nessas missões. A data foi escolhida por recordar o trágico atentado à sede da ONU em Bagdá, Iraque, em 2003, que tirou a vida de 22 funcionários, incluindo o então enviado especial das Nações Unidas, o embaixador brasileiro Sérgio Vieira de Mello.

O objetivo do Dia Mundial Humanitário vai além da justa homenagem a esses “heróis”. Lembra-nos, também, que aqueles que estão em vulnerabilidade, seja por desastres naturais, fome, doenças ou outras emergências, têm pressa absoluta.

Os assim chamados trabalhadores humanitários são verdadeiros exemplos de dedicação, compaixão e coragem. Eles se dedicam a prestar assistência médica, providenciar abrigo, água potável, alimentos e apoio emocional para milhões de pessoas afetadas por guerras, catástrofes naturais e outras crises humanitárias. Muitas vezes, enfrentam condições perigosas e desafiadoras para oferecer ajuda e alívio aos mais necessitados; operam, frequentemente, em ambientes hostis, com ameaça à sua segurança e o risco de se tornarem alvo de violência.

Recordo aqui a morte trágica, no Haiti, da Dra. Zilda Arns Neumann, pediatra e sanitarista, fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança e coordenadora nacional da Pastoral da Pessoa Idosa, organismos de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que, em 12 de janeiro de 2010, ao término da palestra que realizava no prédio paroquial da Igreja Sacré Coeur, em Porto Príncipe, capital do Haiti, acabou atingida por destroços do prédio que ruiu pelo violento terremoto que estava devastando aquela cidade.

A celebração dessa data nos convida a refletir sobre a nossa humanidade. É, também, um chamamento para oferecer apoio formal e objetivo para organizações e projetos envolvidos nessas atividades.

O altruísmo é a disposição ou comportamento de ajudar ou beneficiar os outros sem esperar algo em troca. Esse comportamento envolve amor ao próximo, compaixão e empatia. No trabalho humanitário, assim como na vida, a jornada é tão significativa quanto o destino. A verdadeira realização no trabalho humanitário não está na grandiosidade dos resultados, mas no compromisso sincero de tocar vidas e ser uma fonte de esperança.

Imagine uma pequena vela acesa na escuridão da noite. Essa vela representa o trabalho humanitário, cujo propósito é trazer luz e calor para as vidas que foram envolvidas pelas sombras do sofrimento. A luz de uma vela pode parecer insignificante diante da vastidão da escuridão, mas é capaz de acender outras velas ao seu redor.

Parece que, paradoxalmente, nesse trabalho humanitário, aquele que se dá é quem mais recebe.

 

Relator:
Fernando MF Oliveira
Coordenador do Blog Pediatra Orienta da SPSP