Ultrassom de quadril de recém-nascidos

Relatores:
Dr. José Antonio Pinto
Professor Adjunto – Chefe de Clínica da Disciplina de Ortopedia Pediátrica do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da UNIFESP/EPM e Presidente do Departamento Científico de Ortopedia da SPSP

Dr. Alexandre Francisco de Lourenço
Médico do setor de Ortopedia Pediátrica do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da UNIFESP/EPM, Secretário da Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica e membro do Depto. Científico de Ortopedia da SPSP

Existe sempre dúvida em relação a solicitar um exame ultrassonográfico do quadril de recém-nascidos quando sentimos algum estalido ou quando a criança esteve em posição de nádegas no útero materno. Um recente trabalho, realizado por Imrie M. e colaboradores (2010), revisou a real incidência de Displasia Congênita do Quadril em apresentações pélvicas. Foram acompanhados e seguidos bebês nascidos em apresentação de nádegas através de exames físicos, ultrassonográficos e radiográficos, mesmo apresentando exames normais ao nascimento.

O trabalho consistiu na reavaliação clínica e ultrassonográfica após seis semanas do nascimento de 300 crianças que tiveram apresentação sentada.

As ultrassonografias foram avaliadas inclusive utilizando o teste de Harcke, que consiste em um ultrassom dinâmico com pistonagem do quadril para avaliar a real estabilidade da articulação. Após quatro a seis meses, as crianças foram novamente reavaliadas e submetidas a exames físicos e radiográficos. Foi observado que cerca de 10% apresentaram exame físico alterado e 29% apresentaram exames ultrassonográficos mostrando componente displásico.

Estes dados confirmam que a apresentação sentada é um dos mais importantes riscos na gênese da displasia e que as crianças nascidas nessa situação devem ser submetidas a um rigoroso seguimento associado de ultrassonografia às seis semanas de vida, e nova reavaliação aos seis meses, inclusive com exame radiográfico.

Também salientamos que o ultrassom isolado às seis semanas não foi suficiente para afastar formas frustradas de displasia que se manifestaram mais tarde por exames de raio-X.

 

Texto original publicado no Boletim “Pediatra Informe-se” Ano XXVIII • Número 162 • Março/Abril de 2012