Traumatismo dentário na primeira infância: quais lesões podem ocorrer

Traumatismo dentário na primeira infância: quais lesões podem ocorrer

child-299949_640Os traumatismos dentários na primeira infância são muito comuns, devido principalmente às quedas que as crianças sofrem quando estão dando os primeiros passos. Por isso, as consultas regulares com os odontopediatras são fundamentais para a manutenção da saúde oral entre os pequenos, uma vez que a avaliação imediata pode prevenir sequelas. Dessa forma, nesse texto, o Grupo de Saúde Oral da Sociedade de Pediatria de São Paulo traz as informações sobre as lesões mais comuns e seus tratamentos.

Os traumatismos dentoalveolares podem ser classificados em:

1. Traumatismos dos tecidos dentários: podem variar desde uma trinca até uma fratura de esmalte (figura 1A), esmalte-dentina (figura 1B), exposição pulpar (canal do dente) e fraturas envolvendo a raiz do dente. Neste último caso, o tratamento vai depender da localização da fratura radicular, em que avaliaremos a possibilidade da permanência ou não do dente no arco dentário.

figura1a

Arquivo das autoras

Figura 1A – Fratura de esmalte

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Arquivo das autoras

Figura 1B – Fratura de esmalte-dentina

2. Traumatismos dos tecidos de sustentação: a gengiva e o osso alveolar são inevitavelmente afetados em qualquer traumatismo que envolva os dentes de leite. Eles são os responsáveis por “segurar” o dente e, dependendo da intensidade e direção do trauma, pode resultar em:
– Concussão: o dente não apresenta mobilidade ou deslocamento, porém pode se tornar sensível ao toque ou à mastigação. Uma das orientações aos pais é que evitem oferecer chupeta e mamadeira para prevenir traumas adicionais à região.
– Subluxação: o dente apresenta mobilidade anormal e sangramento na gengiva, porém não há deslocamento dental. O paciente relata grande sensibilidade ao toque e à mastigação (figura 2A).

Arquivo das autoras

Arquivo das autoras

Figura 2A – Subluxação

– Luxação lateral e extrusiva: o dente apresenta grande mobilidade e deslocamento, modificando a sua posição no arco dentário.
– Luxação intrusiva: neste caso, o dente de leite é deslocado para o interior do alvéolo, devido a um impacto direcionado axialmente (vai de encontro com o germe do dente permanente).
– Avulsão: quando ocorre o deslocamento completo do dente para fora do alvéolo. Não é indicado o reimplante de dente de leite.

3. Traumatismos dos tecidos moles: são traumatismos que causam injúrias aos tecidos orofaciais (língua, gengivas, lábios, freios labiais e lingual) e o tratamento vai depender da sua profundidade e extensão, podendo ser apenas uma contusão (edema e hematoma), uma abrasão (escoriações) ou até mesmo uma laceração. As lesões intrabucais superficiais normalmente cicatrizam sem tratamento e em geral sem complicações. Já as lesões mais profundas, muitas vezes, necessitam de uma sutura e medicação prescritas pelo odontopediatra.

Independente do traumatismo e de sua intensidade, são recomendados retornos periódicos ao odontopediatra para avaliação clínica e radiográfica de possíveis sequelas que podem advir do trauma do dente de leite.

Devido à relação de proximidade entre a raiz do dente de leite e o germe do dente permanente, o traumatismo no dente de leite pode potencialmente causar alterações no seu sucessor, seja por meio de contato direto ou inflamação/infecção proveniente do dente de leite. A ocorrência e a extensão dos distúrbios no dente permanente estão fortemente associadas à intensidade do trauma, ao estágio de formação do germe dentário, à força do impacto e ao tipo de trauma no dente decíduo.

Assim, quanto mais jovem a criança no momento do trauma, maior o risco de desenvolver distúrbios no desenvolvimento do dente permanente sucessor. Portanto, a prevenção de traumatismos dentários na primeira infância passa por cuidados caseiros, como evitar o uso de sapatos tipo emborrachados e mais soltos no pé, andar de meia, proteger as quinas de mesas e bordas de piscina. É importante ressaltar que o traumatismo dentário deve ser imediatamente avaliado pelo odontopediatra, pois quanto mais precoce for realizado o atendimento, maiores são as possibilidades de tratamento e melhor o prognóstico.

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Relatoras:
Dra. Lúcia Coutinho e Dra. Liliana Takaoka
Grupo de Trabalho Saúde Oral da SPSP.

Publicado em 22/11/2016.
photo credit: Rajiv63 | Pixabay.com

Este blog não tem o objetivo de substituir a consulta pediátrica. Somente o médico tem condições de avaliar caso a caso e somente o médico pode orientar o tratamento e a prescrição de medicamentos.

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