No dia 6 de junho foi comemorado o Dia Nacional do Teste do Pezinho. Este teste, que deve ser realizado no período neonatal (até 28 dias de vida), é preferencialmente colhido nas maternidades ou hospitais de nascimento do bebê, após 48 horas de vida. A campanha “Junho Lilás” foi instituída pela União Nacional dos Serviços de Referência em Triagem Neonatal com a finalidade de fortalecer esse importante programa.
É importante que o recém-nascido (RN) esteja sendo alimentado com leite materno ou com fórmula láctea, se houver contraindicações ao aleitamento materno.
O teste do pezinho faz parte do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN) do Ministério da Saúde (MS) (Portaria GM/MS número 822 de 06/06/2001) e inclui a detecção precoce de doenças metabólicas, genéticas, congênitas ou hereditárias e infecciosas, tais como hipotireoidismo, fenilcetonúria, doença falciforme e outras hemoglobinopatias, fibrose cística, hiperplasia suprarrenal congênita, deficiência de biotinidase e toxoplasmose congênita. Essas podem causar precocemente, se não diagnosticadas, desidratação, doença pulmonar crônica, bronquites e pneumonias de repetição, insuficiência pancreática e desnutrição, deficiência intelectual, alterações do crescimento e desenvolvimento irreversíveis e mesmo morte precoce.
Os testes de triagem neonatal são um direito de todas as crianças e um dever do Estado brasileiro, assim como os exames confirmatórios, acompanhamento e tratamento adequados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Cada Estado da federação brasileira está em uma fase de implantação do programa de triagem neonatal, sendo de responsabilidade das Secretarias de Saúde Estaduais e Municipais, Distritos Sanitários e Indígenas os responsáveis pelo controle da coleta, recoleta nos casos de coleta inadequada e entrega dos resultados aos responsáveis, que devem ser orientados a levar o resultado na consulta com o pediatra quando tiverem o resultado. É importante não esquecer, pois ele tem que colocar o resultado na caderneta de saúde da criança.
Como os partos podem ocorrer em vários locais, foi determinado pelo Ministério da Saúde que o hospital de nascimento da criança seja responsável pela coleta da amostra de sangue. O teste é realizado a partir da coleta de gotinhas de sangue do calcanhar do bebê, por ser um local pouco doloroso, que esse recém-nascido (RN) tenha mais de 48 horas de vida e alimentado com leite materno ou com fórmula láctea. É função da equipe neonatal preencher formulário específico e orientar os pais sobre como obter o resultado dos exames e nova coleta se o laboratório executante solicitar. Havendo dúvidas, outros exames complementares específicos deverão ser solicitados. O acompanhamento clínico e tratamento, no caso de exames alterados, poderá ser feito no Posto de Saúde da rede SUS mais próximo da residência ou em polos de referência específicos.
No entanto, se o parto ocorreu fora do ambiente hospitalar, os genitores devem ser comunicados verbalmente e por escrito pela equipe assistencial (médicos e enfermagem) de que é necessário colher os exames na rede SUS ou na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) da sua região ou laboratórios particulares referenciados.
Em RN prematuros doentes, que não são alimentados por via oral ou sonda e estão em nutrição parenteral, precisamos aguardar 48 horas de nutrição parenteral total com solução de aminoácidos, glicose e lipídios para realizar a coleta. Em todos os prematuros recomenda-se uma recoleta com 120 dias após o nascimento, mesmo que os primeiros exames sejam normais. Os hospitais e as Unidades de Saúde devem orientar sobre as datas das recoletas e os retornos no caso de exames alterados.
Havendo recusa da coleta do exame do teste do pezinho por parte dos responsáveis, estes devem ser orientados verbalmente e por escrito novamente sobre a importância da triagem neonatal pela equipe de saúde e solicitar assinatura de que estão cientes dos riscos a curto e em longo prazo.
O tratamento precoce traz benefícios quando comparado com aquele instituído após as manifestações clínicas da doença, como deficiência intelectual grave e irreversível, pneumopatias crônicas e comprometimento do desenvolvimento a curto e em longo prazo.
Na capital, por exemplo, na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), estão disponíveis três tipos de teste: Teste básico, Teste Mais e Teste Super. Estes dois últimos ampliam a pesquisa para erros inatos do metabolismo e cerca de 50 outras doenças, mas ainda não são cobertos pelo SUS. Recentemente, para crianças internadas em UTIs neonatais, na cidade de São Paulo, foram incluídos os testes para deficiência imunológica primária (TRECS e CRECS) pela Secretaria Municipal de Saúde, permitindo também o tratamento precoce e uma evolução mais favorável para as crianças acometidas.
Relatora:
Helenilce de Paula Fiod Costa
Departamento de Neonatologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo