Relatora: Jane Oba
Presidente do Departamento de Suporte Nutricional da SPSP gestão 2010-2013. Pediatra com Área de Atuação em Gastroenterologia Pediátrica pela Sociedade Brasileira de Pediatria e Suporte nutricional pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral.
Sociedade de Pediatria de São Paulo 14/10/2010.
A nutrição constitui um elemento comum entre as crianças sadias e doentes. Por esse motivo, seu conhecimento se converge para uma necessidade a todos os profissionais de saúde que atuem em pediatria básica e em diferentes especialidades pediátricas. O tratamento conjunto do pediatra com o suporte nutricional evita as conseqüências desfavoráveis da má nutrição nos períodos em que o crescimento e o aporte de nutrientes são essenciais para o desenvolvimento da criança.
O melhor conhecimento das doenças permite que se avalie minuciosamente o estado nutricional e metabólico, elementos fundamentais para o suporte nutricional da criança hospitalizada, em ventilação mecânica, no período pré e pós-operatório de cirurgias complexas e outras situações clínicas menos graves.
No lado oposto à subnutrição, a prevalência de obesidade na infância é alarmante no mundo e em nosso país. Os programas de tratamento, orientados por sociedades de pediatria na Europa, EUA e no Brasil estão combatendo esta verdadeira epidemia. Os primeiros resultados das pesquisas orientadas por esses programas reforçam cada vez mais a importância da nutrição adequada na infância como prevenção da obesidade no adulto.
Prolongar a vida com boa qualidade tem sido, historicamente, o grande desejo da humanidade. Considera-se que a alimentação é um dos pilares para esse objetivo. Nesse sentido, a contribuição da ciência nas oportunidades terapêuticas nutricionais das diversas doenças não afastou a importância do aleitamento materno na nutrição infantil. Ao contrário, o conhecimento científico reconhece cada vez mais o papel de seus componentes elementares na estruturação desses pilares para prevenir doenças crônicas no adulto.
Mais recentemente, o seqüenciamento do genoma humano e suas consequências produziram significativo avanço no conhecimento da nutrição. A nutrigenômica estuda contribuições do genoma de cada indivíduo no aparecimento das doenças que estão relacionadas com a dieta e a influência dos nutrientes sobre o genoma, sobre as vias metabólicas e energéticas. Em síntese, o genoma humano é sensível ao estado nutricional em duplo sentido: os nutrientes podem regular os genes e, por outro lado, os genes modulam o efeito da dieta. Espera-se no futuro que as interações funcionais dos alimentos com o genoma humano possam, em todo seu espectro, utilizar a dieta para prevenir e tratar doenças.
Texto divulgado pela SPSP em 14/10/2010.