SPSP – Sociedade de Pediatria de São Paulo
Texto divulgado em 11/04/2018
No dia 7 de abril, ocorreu na sede da SPSP o “Café da Manhã com o Professor – Enfrentando a recusa vacinal”. Organizado pela Diretoria de Cursos e Eventos da SPSP e pelos Departamentos de Infectologia e de Imunizações da SPSP, o encontro marcou o lançamento da campanha “Abril Azul – Confiança nas Vacinas: Eu cuido, eu confio, eu vacino” e teve por objetivo oferecer subsídios ao pediatra para enfrentar de forma ética a questão da recusa vacinal.
Coordenado pela Silvia Regina Marques, presidente do Departamento de Infectologia Pediátrica da SPSP, o evento contou com a presença de 27 participantes, entre os quais Renato de Ávila Kfouri, também um dos coordenadores do encontro, e a programação abordou os seguintes temas: Enfrentando a recusa vacinal (Silvia Regina Marques); Impacto dos programas de imunização no controle das doenças: conquistas e desafios (Marco Aurélio Palazzi Sáfadi, presidente do Departamento de Imunizações da SPSP e presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria); Recusa vacinal (Regina Célia Succi, membro do Departamento de Infectologia Pediátrica da SPSP); Aspectos éticos e legais relacionados à recusa vacinal (Claudio Barsanti, Presidente da SPSP); e Discussão de situações clínicas (com a participação de todos os palestrantes e dos coordenadores), que teve por intuito apresentar casos sobre a questão da recusa vacinal e como os médicos devem agir mediante esta situação.
De acordo com Claudio Barsanti, o objetivo da Campanha é levar informações sobre a importância da vacinação, aumentando assim a confiança e valorização das vacinas, bem como mostrar os riscos da recusa vacinal. “Eventos como estes são fundamentais porque, enquanto sociedade científica, nós somos formadores de opinião, não só da sociedade em geral, mas dos médicos pediatras e é nosso dever informar o que está acontecendo e tentar reverter os rumos dessa história da recusa vacinal”, afirmou o presidente da SPSP.
Outro objetivo da Campanha é o de apoiar, por meio de educação, informação e conscientização, ações que promovam o alcance das imunizações à população. “Todos sabemos dos benefícios da vacinação, o CDC coloca o programa de imunizações como uma das dez melhorias da saúde pública, no entanto estamos enfrentando esse problema da recusa vacinal em proporções significativas. Parece que muitas pessoas se esqueceram dos benefícios da vacinação e da erradicação das inúmeras doenças que essas vacinas promovem”, enfatizou Silvia Regina Marques.
Marco Aurélio Sáfadi salientou que o calendário do Programa Nacional de Imunizações é o que está preconizado pelo Ministério da Saúde, com várias novidades recentes, sendo um programa comparável aos principais programas de imunizações dos países desenvolvidos da Europa e dos EUA. “Entendo que hoje o nosso programa contempla um maior número de vacinas, similar aos de muitos países desenvolvidos, e ele é considerado, portanto, um programa de ponta no que diz respeito à implementação de vacinas”, ressaltou Sáfadi.
Sobre a questão da recusa vacinal, Regina Succi lembrou que este é um problema mundial, que vem aumentando significativamente desde 2010. Durante sua apresentação, ela mostrou um inquérito feito pelo Medscape que em 2016 entrevistou mais de 1.500 médicos para saber qual era a percepção deles sobre a questão da recusa vacinal, no qual se identificaram como motivos mais comuns para essa recusa o medo de eventos adversos, seguido de falta de credibilidade nas vacinas, não percepção dos riscos das doenças preveníveis por vacinas e a influência da mídia antivacinista. “Sendo assim, os pediatras têm um papel importante nessa questão do combate à recusa/hesitação vacinal, que é um tema desafiador. É fundamental corrigir conceitos errôneos e fazer com que a população entenda que a vacina que tem o maior risco é aquela que não é aplicada. Esta é a vacina com a qual todos nós devemos nos preocupar. ”
Por fim, Claudio Barsanti salientou, em sua palestra sobre o tema aspectos éticos e legais, que quando o médico “permite” que a questão da recusa vacinal persista nos seus atendimentos, ele está deixando de dar informação e de mostrar a importância da vacinação e de praticar uma medicina pela busca do bem-estar biopsicossocial e espiritual do paciente. “Restaurar a saúde do paciente e aliviar o seu sofrimento são alguns dos princípios basilares da atenção médica, entretanto se conseguirmos evitar que o paciente tenha uma doença tanto melhor. E dessas formas de prevenção, a que mais se apresenta como efetiva é a vacinação”, concluiu o presidente da SPSP.