Síndrome de Burn out: uma realidade entre pediatras

Definida como resultado final do estresse profissional, a Síndrome de Burn out caracteriza-se pela exaustão emocional, com uma auto-avaliação negativa, depressão e diminuição de interesse em relação a quase tudo e todos. Também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, acomete trabalhadores com altos níveis de tensão, principalmente, os profissionais que mantêm relação constante e direta com outras pessoas e participam da solução dos problemas de outros indivíduos, tais como bombeiros, assistentes sociais, professores, dentre outros. Médicos e outros profissionais de saúde parecem ter maior tendência a desenvolver a doença.

Entre os fatores que estariam associados ao seu desenvolvimento, destacam-se a pouca autonomia no desempenho profissional, problemas de relacionamento com os chefes, companheiros de trabalho e clientes/ pacientes e a dificuldade de equilibrar a relação trabalho/ família. Na atividade médica em geral e, em especial, na prática pediátrica, somam-se a sobrecarga de horas no trabalho, a baixa remuneração, a constante exposição ao sofrimento e à morte, além de, muitas vezes, o profissional não encontrar as condições ideais de trabalho. Por fim, acrescenta-se o não vislumbre de um futuro profissional melhor e a grande cobrança da sociedade e dos familiares, que esperam daquele médico atitudes infalíveis, o que vêm se traduzindo em um incremento exponencial das ações judiciais contrárias aos profissionais da saúde. Menegaz e cols. (2004), em análise da Síndrome em pediatras de uma organização hospitalar pública, encontrou uma incidência de 53,7% entre os 41 pediatras estudados. Mais grave, identificaram que 46,3% do total dos profissionais avaliados cogitavam mudar de área médica ou mesmo desistir da Medicina. Magalhães e cols. (2006) avaliaram a incidência de Burn out em um hospital público de São Paulo, caracterizando que 11% dos médicos (25% do total, correspondendo a pediatras) avaliados apresentavam a doença. Entretanto – e mais grave –, notaram que uma grande porcentagem dos profissionais estariam próximos de desenvolver a Síndrome.

Manifestações clínicas
As manifestações clínicas se iniciam por uma sensação de exaustão, de sobrecarga física e psicológica, acompanhada de dificuldade de relacionamento. Seguem-se a indiferença e o distanciamento das pessoas, a ineficiência e a perda da autoconfiança, estabelecendo-se um ciclo vicioso que se auto-alimenta e agrava o quadro. Muitas vezes, o indivíduo se torna presa fácil para o álcool e para as drogas. O fundo do abismo é atingido quando o profissional decide por abandonar a carreira, ofício que, em momento não muito distante, lhe fora fonte de orgulho e de identidade pessoal.

O primeiro passo para a sua prevenção e, quando já instalada, para o seu tratamento, é o conhecimento da doença e seus sinais e sintomas. Embora a Síndrome de Burn out afronte, de forma desproporcional, os profissionais da saúde, muitos deles não têm idéia de sua existência, o que impede o diagnóstico e seu adequado tratamento. Apresentar os problemas vividos na atividade diária a seus superiores, buscando soluções conjuntas, discutir, com a ajuda das entidades de classe e as sociedades de especialidades, as melhorias das condições de trabalho e de remuneração, buscar o aprimoramento profissional, com a atualização dos conhecimentos e minimizando a ocorrência de erros, sem dúvida se apresentam como ferramentas fundamentais contra a doença.

CONTE COM A SPSP
A SPSP entende que pode, por meio de sua Diretoria e de seu Departamento Científico de Defesa Profissional, colaborar para a melhoria das condições de trabalho e da remuneração dos pediatras, bem como auxiliar no deslinde de dúvidas que ocorram no desenvolver da atividade pediátrica diária, auxiliando na prevenção da síndrome do esgotamento profissional.

O Departamento de Defesa Profissional coloca à disposição dos pediatras associados um canal direto de comunicação, justamente para orientar, ajudar e esclarecer os colegas.

Entre em contato por meio do endereço eletrônico [email protected].

Dr. Claudio Barsanti – Diretoria de Defesa Profissional da SPSP
Presidente do Departamento de Defesa Profissional da SPSP – gestão 2007-2009; Médico Supervisor da UTI Pediátrica do Hospital Santa Marcelina, SP; Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito Mackenzie, São Paulo, SP.

Matéria publicada em Pediatra Informe-se Boletim da SPSP Ano XXIII – No 137 – janeiro/fevereiro 2008


Assessoria de Imprensa – SPSP