A permanência do filho prematuro na UTI Neonatal e, posteriormente, em Cuidados Intermediários, gera a sensação de que, a qualquer momento, pode ocorrer algo inesperado e fora de controle, o que provoca angústia e ansiedade.
Essas emoções podem ficar mais intensas quando se aproxima a alta do bebê, devido ao receio dos pais de não saberem identificar sinais de que algo não esteja bem. A alta segura de um prematuro requer que a mãe, ou um cuidador responsável por ele, esteja na unidade neonatal para conhecer os aspectos físicos e as reações corporais normais do bebê.
Se o prematuro estiver no setor de Cuidados Intermediários ou no setor Canguru, procure conhecer sua rotina diária, seu modo de se alimentar, como é seu choro e seu comportamento. Observe o ritmo de eliminação de urina e de fezes. Perceba como é a sua respiração, sua cor de pele e de lábios, aprenda a medir a temperatura corporal. Converse com a equipe multiprofissional que cuida do bebê hospitalizado e tire suas dúvidas. Antes de sair do hospital, saiba quem será o pediatra que fará o seguimento ambulatorial do bebê e verifique qual o setor de emergência mais próximo de casa e que tenha pediatra de plantão.
Em casa, é importante saber identificar sinais de alerta, que podem significar alguma doença ou situação de risco, indicando a procura de auxílio médico. Verifique se o bebê:
• está com dificuldade em respirar (o peito está subindo e descendo mais profundamente ou de forma mais rápida) ou para de respirar por alguns segundos (diferente do habitual);
• está tossindo frequentemente e cada tosse dura muito tempo;
• apresenta a pele e os lábios azulados ou muito pálidos – observe manchas roxas espalhadas no corpo;
• está vomitando após as mamadas ou várias vezes, mesmo sem mamar;
• adormece ou se sente cansado após pequenas refeições ou tem pausas frequentes na alimentação para recuperar o fôlego;
• está tendo convulsões, que podem se manifestar com movimentos corporais diferentes, como esticar e encolher as pernas e braços ou tremores, ou movimentos dos lábios, como se estivesse mamando sem parar. Observe se a coloração da pele ficou mais arroxeada nesse momento;
• chora muito e sem parar, com dificuldade de se acalmar ou chora ao engolir, como se estivesse com dor;
• está muito agitado, não consegue dormir;
• está dormindo muito e é mais difícil de acordar, até mesmo para mamar, ou está muito quieto, sem atividade;
• apresenta a temperatura medida com termômetro em axila maior do 38°C ou menor do que 35,5°C;
• está com a barriga muito crescida, não elimina gases ou fezes ou, ainda, as fezes estão vermelhas, pretas ou brancas, como massa de vidraceiro;
• mostra sinais de desidratação, eliminando pouca quantidade de urina (xixi) e geralmente de coloração amarela mais escura;
• está com a boca seca, mais irritado ou mais sonolento.
Diante desses sinais de alerta, procure ajuda médica imediatamente.
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Relatora:
Dra. Celeste Gomez Sardinha
Departamento de Neonatologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo