Sífilis congênita: o problema não termina na maternidade

Campanha Outubro Verde – combate à sífilis congênita

O problema da sífilis congênita não termina depois que o recém-nascido recebe alta da maternidade. Uma vez exposto a essa doença, tratada ou não na maternidade, o bebê precisa da avaliação pediátrica para garantir sua cura.
A sífilis é uma doença muitas vezes silenciosa, tanto para a mãe quanto para o bebê, pois eles podem já estar com a doença, mas ainda não apresentarem sinais dela. Assim, fica difícil saber, só pela clínica, se o bebê está bem e se está curado ou não. É nesse sentido que o acompanhamento com pediatra se torna tão importante, principalmente nos primeiros dois anos de vida.

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A sífilis pode afetar a visão e a audição, passando por quadros leves ou até levar à cegueira e surdez. O bebê também pode ter atraso no seu desenvolvimento, como dificuldade para sentar, andar e falar. O pediatra é o profissional adequado para avaliar se o bebê tem algum desses acometimentos e se precisa de algum exame mais específico.
Se a sífilis acometeu o cérebro, mesmo ela tendo sido tratada na  maternidade e mesmo sem nenhuma alteração clínica,  um outro exame do líquido da espinha (o líquor) precisará ser coletado até o sexto mês de vida, para saber se de fato ele está curado. Nas consultas, o pediatra ainda deverá solicitar várias vezes o exame que foi feito na maternidade, o chamado VDRL, até que ele seja negativo. Somente após 2 coletas com resultados negativos na sequência podem garantir a cura da doença. Se algum desses exames estiver alterado, a criança deverá ser tratada novamente, para garantir que tenha um bom desenvolvimento.
Muitas crianças com quadro de sífilis ao nascimento não têm um acompanhamento adequado. Muitas dessas alterações aparecem apenas após o nascimento e a alta da maternidade e, sem o tratamento inicial e o seguimento, se perdem as chances de que essas crianças tenham uma vida normal e saudável.
O pai também deve ser lembrado que existe pré-natal para homens e é importante a sua participação, para realizar exames de sífilis e de outras doenças. Após o nascimento do bebê, a mãe com sífilis durante a gestação precisa continuar o  acompanhamento médico, com exames de VDRL, até receber alta por cura da doença. Assim, será possível quebrar a cadeia de transmissão da sífilis e evitar que bebês nasçam com sífilis congênita.  
Ter conhecimento que a sífilis é doença silenciosa, grave e que pode deixar sequelas por uma vida toda, que tem tratamento disponivel, mas que precisa ser vigiado e acompanhado  nos primeiros dois anos de vida, é a chave  de uma vida saudável para nossas crianças.

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Relatores:
Dra. Carmen Silvia Bruniera Domingues
Dra. Lilian Sadeck
Dra. Maria Regina Bentlin
Departamento Científico de Neonatologia e Grupo de Trabalho da Sífilis Congênita da Sociedade de Pediatria de São Paulo