A gravidez na adolescência continua sendo grande responsável pela mortalidade materna e infantil, com complicações relacionadas à gestação e ao parto como a principal causa de morte de meninas de 15 a 19 anos em todo o mundo.
Ao se analisar as taxas de gravidez, no Brasil é de 68,4 por 1000 adolescentes, acima da média global (46 por 1000) e da América Latina (65,5 por 1000), segundo publicação na revista The Lancet.
Em países onde o aborto é proibido ou altamente restrito, muitas adolescentes, para quem a gravidez não foi planejada, acabam recorrendo a procedimentos inseguros, colocando sua saúde e sua vida em risco (cerca de 3,9 milhões de abortos inseguros/ano em adolescentes de 15 a 19 anos nos países em desenvolvimento).
De 1 a 8 de fevereiro acontece no Brasil a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, instituída pela Lei nº 13.798/2019, para conscientização, prevenção e redução destes números.
Segundo dados do SIDRA (Sistema IBGE de Recuperação Automática), em 2019, 2.812.030 nascidos vivos foram registrados no Brasil, entre os quais 13% deste total (1 em cada 7,5 partos) são filhos de mães com idades entre 15 e 19 anos e 0,60% (16.707) nascimentos registrados de mães menores de 15 anos.
Entre as principais consequências dessas taxas, vale ressaltar os efeitos sociais e econômicos negativos para as meninas, para suas famílias e suas comunidades no que diz respeito à alta incidência de interrupção da vida escolar, rejeição por parte das famílias e colegas, vivência social não esperada, maior vulnerabilidade, bem como maior probabilidade de sofrer violência, ainda mais em famílias de baixa renda.
Adolescentes grávidas também enfrentam riscos e complicações à saúde devido a seus corpos imaturos. Além disso, bebês nascidos de mães mais jovens também correm maior risco.
Clinicamente, é observado aumento do número de partos prematuros, bebês de baixo peso e de mortes perinatais (50% a mais quando comparadas com as mães entre 20 a 29 anos). Além disso, ocorre redução das taxas de aleitamento materno.
A dificuldade de acesso ao sistema de saúde, associada às consequências sociais e de dinâmicas familiares dessa situação, produz um panorama desafiador e assustador para todos os profissionais da área da saúde e para as políticas públicas que buscam atuar sobre essas estatísticas.
Não há como negar que a informação ainda não atinge adequadamente os adolescentes e temas como sexualidade e contracepção não são abordados de forma eficaz na prevenção da gravidez.
Assim, educação sexual nas escolas e uma assistência ginecológica das adolescentes mais ampla e acessível, antes da iniciação da vida sexual ativa, são ferramentas fundamentais para se conscientizar essa população.
Meios de comunicação amplamente utilizados por adolescentes, como mídias sociais e tecnologia, podem divulgar campanhas de prevenção, que irão chegar à maioria da população jovem.
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Relatores:
Moises Chencinski
Renata D. Waksman
Coordenadores do Blog Pediatra Orienta da Sociedade de Pediatria de São Paulo