Na Semana Mundial de Aleitamento Materno (SMAM), temos a oportunidade de conversar e refletir sobre alguns aspectos da amamentação. Nesse ano o tema é: Fortalecer a amamentação. Educando e apoiando.
Mas por que esse tema?
Vamos ver. Os benefícios da amamentação para a mãe e o bebê, para o meio ambiente e para a sociedade são bem conhecidos. Mesmo assim, os desafios enfrentados pelas mães que desejam amamentar têm sido muito grandes. O resultado são taxas de amamentação ainda muito aquém do que seria esperado.
Para mudar essa situação, nesse ano se propõe que os profissionais de saúde melhorem a sua atuação na chamada “Cadeia Acolhedora de Apoio à Amamentação”. Quer dizer, como os elos de uma cadeia, cada nível de assistência à mãe deve se ligar com o outro para oferecer uma atenção adequada e ajudá-la a construir confiança na amamentação.
E quais são os elos dessa cadeia?
O pré-natal é o primeiro elo, pois ao contrário do que muitas pessoas pensam, a amamentação é sim um importante tema nessa fase. Nas consultas e nos grupos de gestantes, a família vai conhecer mais sobre o assunto, tirar dúvidas e, principalmente, se informar onde buscar ajuda se dificuldades surgirem.
O segundo elo é no parto e no nascimento. Esse é um momento muito sensível para a mulher e ela necessita, além de um cuidado eficaz, atenção respeitosa e gentil que se estenda para primeira hora após o nascimento (hora de ouro). Mãe e bebê permanecem juntos, em contato pele a pele e o bebê tem oportunidade de realizar a primeira mamada. Mas essa hora significa muito mais. Significa oferecer um momento íntimo para que o bebê receba as boas-vindas da família e um vínculo forte de afeto possa se iniciar.
No terceiro elo a atenção será nos cuidados pós-natais e nas seis primeiras semanas. Uma mãe de primeira viagem pode ficar muito insegura nas primeiras mamadas e essa é uma excelente oportunidade para o profissional de saúde dar apoio e se assegurar que ela entendeu como deve ser uma mamada efetiva e a pega do bebê no peito. O acompanhamento da mãe e família deve observar se estão bem-informados sobre a livre demanda e se conseguem identificar se o bebê está fazendo uma mamada eficaz.
Muito importante é o quarto elo que são os cuidados contínuos, pois a amamentação engloba um longo período e as mães precisam de apoio permanente. A atuação de profissionais engajados e convencidos da importância da amamentação por dois anos ou mais, o apoio da família, da comunidade e receptividade acolhedora no local de trabalho vão dar sustentação para a manutenção dessa corrente calorosa.
O último elo da Cadeia se refere à assistência em circunstâncias especiais e emergências quando mãe e/ou bebê encontram-se em uma situação na qual a amamentação não pode se realizar. Por exemplo, se um bebê prematuro não consegue mamar, sua mãe deve receber apoio e orientação para estimular a produção de leite.
Falamos sobre os elos da Cadeia, mas quem são os protagonistas?
São os protagonistas do sistema de saúde e os da comunidade: profissionais de assistência, que, além de formação de qualidade com competências em aconselhamento, devem ampliar o olhar conhecendo a Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), as Normas Brasileiras de Comercialização de Alimentos (NBCAL) e ter proximidade com a família para entender o impacto de suas práticas culturais na amamentação.
Os grupos de apoio à amamentação, formados por: consultores, trabalhadores da saúde da comunidade, doulas e parteiras tradicionais, médicos, obstetrizes e enfermeiros, nutricionistas, obstetras, formuladores de políticas e administradores de sistemas de saúde, acadêmicos, membros da comunidade, empregadores e sindicatos, ambientalistas, grupos religiosos, pais, companheiras(os), avós e membros da família, mídias sociais e pessoas jovens cumprem um importante papel.
Essa cadeia precisa ser fortalecida para a mãe se preparar adequadamente, para iniciar, estabelecer, manter, proteger e fortalecer a amamentação e cada protagonista é importante, desde o profissional que atua com a mãe até o sindicado que pode estabelecer negociações favoráveis às mulheres que trabalham e amamentam.
Podemos concluir que a amamentação diz respeito a toda a sociedade e que é um trabalho de todos.
Relatora:
Honorina de Almeida
Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo
Doutora em Pediatria do Desenvolvimento na Universidade de Friburgo, Alemanha