Segurança para crianças e adolescentes ciclistas

Relatora: Maria de Jesus C.S. Harada.
Enfermeira, membro do Departamento  Científico de Segurança da Criança e do Adolescente da SPSP e Professora do Departamento de Pediatria da Escola de Enfermagem da EPM/Unifesp

 

Nos centros urbanos a cada dia percebe-se o incentivo para uso de bicicletas, com construção de ciclovias e centros esportivos específicos para o desenvolvimento desta prática. Andar de bicicleta é divertido, saudável e uma ótima maneira de desenvolver atividade física. Para as crianças e adolescentes a bicicleda pode representar mobilidade e independência.

Por outro lado, esta prática está associada com a ocorrência de acidentes causando lesões e até mortes. De acordo com o CDC, a cada ano mais de 600.000 pessoas nos EUA são tratadas nos departamentos de emergência, e mais de 800 morrem por este tipo de injúria.1

No Brasil, segundo Relatório Anual de Acidentes Fatais de Trânsito, do Municípo de São Paulo, ocorreram 1365 mortes em 2011, associado ao trânsito, sendo que destas, 3,6% (n=49) envolveram ciclitas.2

A maioria das lesões relacionadas com o uso de bicicletas em crianças são devido às altas velocidades alcançadas pelos “pilotos”, a falta de experiência em controlar a bicicleta e falta de proteção. As lesões mais comuns estão relacionadas com fraturas. As mais graves, atingem a cabeça, podem casar lesões cerebrais, morte e envolvem colisões com veículos a motor. As lesões na cabeça aparentemente menores podem causar dano cerebral permanente.3

As crianças pequenas são mais vulneráveis a lesões durante o ciclismo, porque estão em processo de desenvolvimento de suas habilidades motoras, deixando-as vulneráveis ​​a quedas. Esses fatores são agravados pelo centro de gravidade da criança que faz com que o equilíbrio seja difícil, particularmente quando pratica o ciclismo dando voltas.3

Crianças menores de 10 anos de idade não têm a julgamento e capacidade de evitar obstáculos, incluindo outros ciclistas, pedestres, skatistas e outros. Nesta idade, as crianças não são capazes de compreender os riscos do tráfego, são mais impulsivas e distraídas durante as brincadeiras, além de não serem capazes também de processar as várias informações necessárias para andar de bicicleta, ou em outro equipamento com rodas, com segurança.3

Crianças de 10 a 14 anos de idade, vivenciam um período de rápido crescimento e desenvolvimento, deste modo podem não ter a consciência suficiente do seu tamanho e da forma do corpo, bem como das conseqüências do comportamento de risco. Ao mesmo tempo, eles têm o domínio das habilidades físicas e assim elas se sentem confiantes para andar em alta velocidade, realizando truques e manobras complicadas.3

Boas práticas para segurança do ciclista1,2,3,4,5

  • Antes de usar a sua bicicleta, cheque se está funcionando adequadmente, verificar pressão dos pneus e freios.
  • Usar capacete de ciclista. Proteja seu cérebro!

*  O crânio humano tem cerca de um centímetro de espessura e pode ser quebrado por um impacto de apenas sete a 10 km/h.

*  O capacete ajuda a proteger a cabeça, pois absorve o impacto da transmissão de energia durante acidente ou mesmo durante uma queda.

*  Diminui o risco de graves lesões cerebrais em torno de 85%.

  • Usar também cotoveleiras e joelheiras.
  • Usar calçados fechados que protejam os pés da corrente e dos aros da bicicleta.
  • Ajustar a altura do assento para permitir uma ligeira curva no joelho quando a perna está completamente estendida.
  • Ajustar a altura do guidão no mesmo nível do banco.
  • Evite rodar à noite, porque você é mais difícil de ser visto.
  • Ver e ser visto. Usar sempre coletes fluorescentes, ou outras cores brilhantes, durante o dia, ao anoitecer, noite, ou durante o mau tempo.
  • Usar algo na bicicleta que reflita a luz, como fita reflexiva, ou luzes intermitentes. Lembre-se, só porque você pode ver um motorista não significa que o motorista pode ver você.
  • Usar algo que facilite sua visualização pelos outros, se você tem que andar de noite, certifique-se de que você tem refletores na parte da frente e de trás de sua bicicleta (luzes brancas na frente e refletores vermelhos traseiros são obrigados por lei em diversos países), além de refletores em seus pneus.
  • Controle sua bicicleta. Sempre andar com pelo menos uma mão no guidão.
  • Levar livros e outros itens em um “cesto” de bicicleta ou mochila.
  • Prestar atenção para evitar os perigos. Fique atento aos buracos, cacos de vidro, cascalho, poças, folhas, e cães.
  • Escolher um líder para gritar e apontar os perigos para os ciclistas quem vem atrás, caso esteja andando em grupo,
  • Dê preferência andar em ciclovias, na impossibilidade, prefira ruas largas e com trânsito calmo.
  • Utilizar espelho retrovisor.
  • Sinalizar com os braços suas voltas. Você é menos provável de ser atingido quando os motoristas não são pegos de surpresa. Deixe-os saber que você está prestes a virar ou mover para a esquerda ou para a direita.
  • Não usar fones de ouvido ou celulares. É importante ouvir o que está acontecendo em torno de você.
  • Seguir o fluxo de tráfego em estradas, na mesma direção que outros veículos.
  • Respeitar as leis de trânsito. A bicicleta é um veículo e você é um motorista.
  • Obedecer a todas as leis e sinais de trânsito, bem como as marcações de pista.
  • Seja previsível. Ande em linha reta, e não dentro e fora dos carros. Sinalizar seus movimentos para os outros.
  • Prestar atenção para os carros estacionados. Evitar o inesperado como abertura de portas.

 

Referências:

1.     Centeres for Disease Control and Prevention. CDC. Bicycle Helmet Usage and Head Injury Prevention. Acessado: 5/08/2012. Disponível: http://www.cdc.gov/program/performance/fy2000plan/2000xbicycle.htm

2.      Companhia de Engenharia de Tráfego. CET. Acidentes de Trânsito Fatais. Relatório Anual. São Paulo. 2011.

3.     Save Kids. Canada. Safe cycling. Acessado: 5/08/2012. Disponível: http://www.safekidscanada.ca/search/search.aspx  

4.     Safe cycling. National Highway Traffic Safety Administration. (NHTSA). Acessado: 5/08/2012. Disponível: www.nhtsa.dot.gov

5.     Criança Segura. Brasil. Guia Criança Segura na Escola. São Paulo. 2011. Acessado. 05/08/2012. Disponível: http://www.gestaoeducacional.com.br/pdf/guia_cs_na_escola.pdf

Texto divulgado em 18/09/2012