Revista Paulista de Pediatria aborda a Realidade Virtual e o desempenho motor e equilíbrio de criança com paralisia cerebral

SPSP – Sociedade de Pediatria de São Paulo
Texto divulgado em 13/01/2015
 
Pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos, em São Paulo, publicaram recentemente um estudo na Revista Paulista de Pediatria de dezembro de 2014, que avaliou o efeito de um protocolo terapêutico baseado em realidade virtual (RV) sobre o desempenho motor e o equilíbrio funcional de uma criança com paralisia cerebral (PC). 
 
Os autores ressaltam que as lesões encefálicas adquiridas, como as lesões hipóxico-isquêmicas até os três anos de idade, estão entre as dez principais causas da paralisia cerebral hemiplégica espástica. O comprometimento motor do tipo hemiplegia, embora não comprometa de forma grave a funcionalidade da criança, produz alterações neuromotoras que acarretam déficits de precisão na realização de movimentos e déficits de controle postural, responsável pela estabilidade e o alinhamento entre os segmentos corporais durante a execução de atividades. Portanto, a reabilitação de crianças com comprometimento motor leve, do tipo hemiplégico, pode mostrar-se especialmente desafiador aos terapeutas, exigindo conhecimento técnico profundo e criatividade. Neste sentido, a terapia baseada na realidade virtual é uma ferramenta interativa de imersão dos pacientes em ambiente virtual que tem recebido destaque e, por isso, foi objeto de estudo do grupo de pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (SP).
 
Uma criança com PC hemiplégica espástica de 7 anos foi submetida a um protocolo de intervenção fisioterapêutica de 12 sessões de 45 minutos, numa frequência de duas vezes semanais, com o uso de terapia baseada em RV. Anteriormente à intervenção foram realizadas avaliações de seu desenvolvimento motor e equilíbrio por meio dos instrumentos, durante as sessões foram realizadas duas avaliações e uma reavaliação após as 12 sessões. 
 
“Nosso estudo revelou os efeitos da terapia com uso de Realidade Virtual sobre o desempenho motor de uma criança com paralisia cerebral. O equipamento que utilizamos na terapia é um videogame interativo, comercialmente disponível, de fácil acesso por profissionais envolvidos com a reabilitação dessas crianças. Os resultados positivos encontrados em nosso estudo representam um marco importante para o direcionamento da terapia com esta população”, afirmou Silvia Leticia Pavão, uma das autoras do estudo. Segundo a autora, um dos aspectos mais relevantes do estudo é a acessibilidade de consoles comercialmente disponíveis para utilização como adjuvantes na terapia. “Videogames interativos são jogos bastante conhecidos pela sociedade e têm uso popularizado. O desenvolvimento de estudos utilizando esses equipamentos, divertidos e estimulantes para a população, parece ter um caráter de difusão mais consistente para a população, que se interessa pelos resultados. Além disso, o acesso a estes equipamentos não é tão restrito, uma vez que se apresentam com preços acessíveis à população em geral”, ressaltou Silvia. 
 
Apesar de se tratar de um estudo de caso, os pesquisadores acreditam que seus resultados preliminares sinalizam para a eficácia do uso da RV na reabilitação de crianças com disfunções neuromotoras, um grande avanço na área de reabilitação física, o que pode ter impacto na sociedade e em políticas publicas. “Isso se deve, especialmente, ao fato de videogames interativos serem economicamente viáveis de serem utilizados nos serviços públicos de reabilitação, além de atuarem de forma positiva e direta no nível de motivação das crianças durante a terapia, tornando os exercícios realizados em terapia mais atrativos e divertidos”, comentou a autora. “Entretanto, ressaltamos a necessidade de estudos com amostras maiores e um desenho metodológico controlado e randomizado para que resultados mais consistentes possam ser encontrados” finalizou Silvia.
 
A pesquisa foi realizada com o apoio da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
 
Contato:
Silvia Leticia Pavão
Fisioterapia – Universidade Federal de São Carlos – (UFSCar)
 
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