Apresentamos – nesta época de férias – uma retrospectiva de todos os artigos publicados em nossa coluna Momento Saúde, criada em 2017 pela equipe do blog Pediatra Orienta para que você possa ter informações rápidas sobre um determinado tema de relevância para a saúde das crianças e adolescentes, com textos curtos e de linguagem simples.
Agora o assunto é:
Vício em games
Vício em games – quando se preocupar?
Jogar videogames pode ser benéfico para o desenvolvimento cognitivo das crianças e adolescentes por estimular o raciocínio, a estratégia, a tomada de decisão, a atenção e a memória.
Além disso, os games são um dos elementos que unem crianças e adolescentes em seus grupos sociais. Quem já não ouviu a frase: “Mas todos os meus amigos jogam! ”, quando se quer restringir o seu uso?
Contudo, a constatação de que a dependência pelos jogos está aumentando significativamente nessa fase do desenvolvimento, com sérios prejuízos para os jovens, fez com que, pela primeira vez o vício em games fosse considerado um distúrbio mental pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Por que os games viciam?
A principal razão para a dependência é que os jogos propiciam uma gratificação imediata e com pouco esforço para a criança. Aliado a isso, ter sucesso nos jogos faz com que se experimente uma sensação de poder, de força e confiança, que por si só já é um grande estimulador para a criança continuar a jogar e não conseguir parar.
Assim, os jogos atraem mais os meninos do que as meninas; estas se ocupam muito mais com as redes sociais, por envolver diretamente a questão da imagem, que é uma preocupação maior entre as meninas.
Para meninos e meninas, muitas vezes o envolvimento com os games é uma forma de escape de problemas encontrados na vida real, uma tentativa de se sair bem ou vitorioso em uma situação de conflito ou de estresse que não encontra solução no dia a dia.
Vício em games – quais são os sinais?
É importante observar alterações no comportamento habitual de crianças e adolescentes. Fique atento quando há:
• Perda de interesse por outras atividades, sejam com a família ou com os amigos;
• Irritabilidade, ansiedade ou tristeza quando se vê impedido de jogar por algum motivo;
• Aumento progressivo da necessidade de jogar, com perda de controle da frequência, intensidade e duração dos jogos.
O baixo rendimento escolar, as tarefas não realizadas e as notas baixas são o principal alerta de que está havendo um excesso. Além disso, há outras graves consequências para crianças e jovens em desenvolvimento, os quais necessitam exercitar suas competências na interação com outras crianças, adolescentes e adultos, diariamente. A dependência dos games pode gerar:
• Afastamento ou isolamento dos relacionamentos sociais, mesmo de amigos próximos, com preferência pelas interações online dos games;
• Alguns jogos, como os de luta ou guerras, podem aumentar significativamente a ansiedade e alimentar sentimentos de agressividade, que afetam a percepção da criança ou adolescente sobre as experiências que tem no dia a dia e sua capacidade de encontrar soluções para seus problemas;
• O hábito de resolver virtualmente os desafios e problemas pode comprometer o exercício da tolerância, do respeito e do lidar com as diferenças entre as pessoas e com situações da vida real.
Como estabelecer limites e lidar com a dependência?
Os pais podem e devem cuidar de como os filhos estão se comportando frente ao hábito de jogar.
O que é importante?
• Determinar quanto tempo é aceitável para o filho jogar, definindo um período para os dias de semana e outro para os finais de semana, quando há menos atividades ou tarefas. O tempo deve estar em acordo com a idade, as várias necessidades da criança ou adolescente (se alimentar, descansar, brincar, dormir, passear, estudar) e deve funcionar tanto para eles quanto para os pais. Portanto, é importante que as razões para os limites estejam claras e que haja um acordo entre pais e filhos.
• Ser firme e estabelecer limites que consiga sustentar, porque, com certeza, os filhos insistirão em ultrapassá-los. Limites superestimados têm grande chance de fracassar. Por outro lado, limites muito flexíveis não ajudam as crianças ou adolescentes a entender porque não podem jogar todo o tempo que quiserem.
• Estabelecer com a criança e adolescente quais serão as consequências, caso se recusem a aceitar o tempo estipulado. Retirar alguns benefícios, recolher o controle do game ou o celular quando passar dos limites, só devolvendo no próximo período de jogo, pode fazer que o filho entenda que o combinado é a sério, buscando respeitá-lo.
• Envolver seu filho em atividades com a família, considerando outros interesses que ele manifeste. Os pais devem procurar observar e perceber outras aptidões, habilidades ou interesses dos filhos que podem ser estimulados em atividades conjunta.
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Relator:
Departamento Científico de Saúde Mental da SPSP.
Republicado em 2/01/2019.
Este blog não tem o objetivo de substituir a consulta pediátrica. Somente o médico tem condições de avaliar caso a caso e somente o médico pode orientar o tratamento e a prescrição de medicamentos.
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