Retrospectiva Momento Saúde: autoestima na adolescência

Retrospectiva Momento Saúde: autoestima na adolescência

adolescenciaApresentamos – nesta época de férias – uma retrospectiva de todos os artigos publicados em nossa coluna Momento Saúde, criada em 2017 pela equipe do blog Pediatra Orienta para que você possa ter informações rápidas sobre um determinado tema de relevância para a saúde das crianças e adolescentes, com textos curtos e de linguagem simples.

Republicando sobre:
Autoestima entre adolescentes

 

Autoestima entre os adolescentes

A autoestima é definida por conjunto de atitudes e ideias que cada um tem de si. A forma como o adolescente se percebe afeta diretamente a sua autoestima e esta, por sua vez, influencia sua vida: decisões, relacionamentos e desempenho escolar. Nesse sentido, é importante destacar que uma autoestima baixa pode levar a comportamentos de risco. Uma das bases para o futuro do adulto é a autoestima adolescente, por isso não podemos subestimar ou ignorar sua importância. Pais, educadores, pediatras e hebiatras (médicos de adolescentes) devem ter um olhar atento à autoestima juvenil e contribuir para que ela se restabeleça caso esteja prejudicada. É fundamental que o adolescente desenvolva capacidade de acreditar em si mesmo para se posicionar com firmeza diante dos conflitos e problemas, sem desistir dos seus objetivos.

Como ajudá-los nisso?

• Comunique-se de maneira leve e aberta: incentive uma relação flexível, onde o responsável exerça sua autoridade sem ser autoritário. Encontre o momento adequado para conversar, sem muita formalidade: pode ser em uma caminhada, por exemplo. Não perca a chance de se comunicar; mesmo que dure pouco, a conversa pode ser produtiva.
• Elogie: os pais desejam que os filhos façam o melhor e se superem, mas muitas vezes se concentram no que eles não fizeram bem ou em como podem melhorar. Apesar dos adolescentes precisarem de metas concretas, é importante que saibam que seu esforço e superação são reconhecidos.
• Respeite: embora as preferências dos adolescentes nem sempre são iguais, devemos buscar entender seus gostos.
• Estimule a formação de opiniões próprias: os jovens gostam de opinar: faz com que se sintam mais maduros e valorizados. Permita que façam o que mais gostam: discutir. É normal e necessário. Exponha seus pontos de vista nessa discussão, faça-o refletir.
• Encoraje a tomada de decisões: os adolescentes devem aprender a tomar as suas próprias decisões, a ser responsáveis por elas e decidir de acordo com valores ensinados e pessoais. Os adultos devem permitir, desde que não haja prejuízos, estando ao lado deles sempre que precisarem. Se errarem, mostre oportunidades e alternativas.
• Ensine-os a reconhecer seus sentimentos: entender a raiva, a irritação, a angústia, o medo. Compartilhe experiências vividas (dificuldades, medos, angústias) e como fez – e faz – para lidar com isso. Seja sincero, transmita e demonstre sentimentos. Se errou, reconheça.

A questão dos padrões na adolescência

É inegável que qualquer sociedade impõe padrões. O adolescente, na busca pela sua identidade, procura seguir padrões de mídias e redes sociais em busca de um corpo perfeito. Além disso, uma das características nessa fase é a tendência grupal, o que o faz repetir as características vividas em seu grupo por uma necessidade de pertencimento. As garotas buscam um corpo “impecável”, através de dietas restritivas perigosas, que podem levar a distúrbios alimentares; atividade física exagerada também pode ser percebida nessas meninas. Os rapazes buscam um corpo “sarado”, exagerando na musculação, uso de anabolizantes e suplementos alimentares (muitas vezes sem a devida orientação).

O que os pais podem fazer para evitar essas situações?

• Enxergue seus filhos: mostre os seus pontos positivos, eleve a sua autoestima, independente de aparências físicas. Ensine que ninguém é perfeito.
• Esteja atento e vigilante: jovens que surjam com mudanças corporais súbitas podem estar precisando de sua atenção. Procure entendê-los. Observe se estão mais tristes ou isolados, se estão sofrendo bullying por não seguirem o padrão do grupo.
• Deixe claro seus valores: coloque limites, estabeleça e discuta as regras. Apesar de não gostarem, os jovens devem respeitar e aprender a enxergar as convenções como forma de cuidado.
• Peça ajuda a profissionais: não enfrente sozinho a situação quando existem profissionais que podem ajudá-lo, como o hebiatra, o pediatra, o psicólogo.
• Desempenhe seu papel de responsável: não seja omisso, não desista. Não é tarefa fácil. Exige amor, cumplicidade, entrega. Isso não começa na adolescência, mas sim desde antes do nascimento para cuidar e amar.

A influência dos amigos na adolescência

Com os horários ocupados durante a semana, as pessoas passam boa parte do tempo em grupo, com os chamados “pares”, indivíduos de idade ou maturidade semelhante. O grupo é fonte de informação do mundo fora da família e, a partir da relação com ele, o jovem pode comparar suas vivências e habilidades. O relacionamento do adolescente com seus pares muda de grupo para grupo (escola, prédio etc.) e cada um desses grupos é fonte de comportamentos – adequados ou não – que influenciam em sua autoestima e desenvolvimento psíquico.

A influência dos amigos na vida do jovem também depende:
• De fatores familiares: a escolha do local de moradia, da escola e a escolha dos próprios amigos influenciam na disponibilidade dos grupos para o jovem; o quanto a família conhece os grupos e como as novidades são abordadas dentro de casa são fatores essenciais para um bom relacionamento entre o adulto e o jovem.
• De fatores individuais: a personalidade juvenil, o quanto está aberto às influências dos colegas e sua posição dentro do grupo (isolada, neutra ou de poder) é importante.

A maioria dos adolescentes se assemelha aos padrões aceitos pelos amigos. Como nessa fase da vida um maior reconhecimento pelos seus pares é esperado e desejado, e o jovem não se espelha mais na família, a não aceitação por seus semelhantes pode gerar situações de frustração e baixa autoestima. Ser rejeitado ou negligenciado pode desencadear comportamentos hostis e de risco. Por outro lado, os adolescentes podem, através dos amigos, aprender conceitos de igualdade, justiça, de interesses e expectativas, além da capacidade de desenvolvimento de habilidades emocionais perante alguns indivíduos selecionados no grupo, como o melhor amigo, ou parceiro(a).

Autoestima na adolescência: sinais de alerta

• Falta de respeito por si mesmo: uma pessoa com baixa autoestima apresenta fortes indícios de falta de respeito por si mesma, não se sente merecedora do amor e respeito por parte dos outros.
• Desvalorização pessoal: uma pessoa com baixa autoestima desvaloriza o que sente e, nas escolhas que faz no dia a dia, mostra que não acredita ser possível ter momentos felizes.
• Destruição: além de desrespeito pela própria vida, desrespeito pela vida dos outros e pela vida do próprio planeta. E mais: alguém que convive com maus-tratos não compreende facilmente o conceito de preservação e respeito.
• Desvalorização das qualidades em prol das limitações: valorizam seus “defeitos” com dificuldade de aceitar elogios, além de receio de desaprovação das ideias e pensamentos, com tendência a escondê-los e se isolar.
• Falta de iniciativa para atividades de realização pessoal, muitas vezes alegando falta de tempo.

Esperamos que estes textos possam orientar pais, responsáveis e cuidadores, enfim todos aqueles que lidam com adolescentes, em direção a um melhor entendimento dessa população em relação ao frágil balanço de sua autoestima.

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Relator:
Departamento Científico de Adolescência da SPSP

Republicado em 23/01/2019.

Este blog não tem o objetivo de substituir a consulta pediátrica. Somente o médico tem condições de avaliar caso a caso e somente o médico pode orientar o tratamento e a prescrição de medicamentos.

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