Retrospectiva Momento Saúde: aleitamento materno

Retrospectiva Momento Saúde: aleitamento materno

Momento SaúdeApresentamos – nesta época de férias – uma retrospectiva de todos os artigos publicados em nossa coluna Momento Saúde, criada em 2017 pela equipe do blog Pediatra Orienta para que você possa ter informações rápidas sobre um determinado tema de relevância para a saúde das crianças e adolescentes, com textos curtos e de linguagem simples.

Vamos falar sobre:
Aleitamento materno

 

Aleitamento materno: existem dificuldades?

Quando se pergunta às gestantes sobre sua intenção de amamentar a resposta é “um sim” quase unânime. Então, por que nem todas conseguem? Quais as maiores dificuldades encontradas no aleitamento materno?

A insegurança é uma delas. Para driblá-la, a mãe precisa contar com um pediatra que a oriente e uma rede de apoio que esteja disposta a ajudá-la.

A falta de informação também é vilã. A maioria das mães com dificuldade na amamentação foi pouco informada sobre a produção do leite materno e as fases da amamentação. Apesar da busca virtual pelo conhecimento, elas nem sempre conseguem por em prática o que aprenderam sem ajuda de um profissional. A insegurança pode levar ao contato precoce com fórmulas lácteas e uso de bicos artificiais, dificultando o aleitamento.

O apoio insuficiente nas maternidades também pode contribuir. Atualmente, a redução de leitos e a alta precoce, muitas vezes antes da descida do leite, podem gerar ansiedade e atrapalhar o sucesso do aleitamento.

Outros desafios podem surgir tais como alterações da anatomia das mamas e mamilos, retorno ao trabalho, ingurgitamento das mamas, linguinha presa, fissuras e dor.

Mas, felizmente, a vontade de amamentar, a persistência e paciência das mães, juntamente com o apoio de seus pediatras e familiares, podem ajudar a superar essas dificuldades e tornar real e prazeroso o sonho da amamentação!

Amamentação em situações especiais

Embora a amamentação seja fundamental para a sobrevivência infantil com qualidade de vida, muitas vezes encontramos situações de difícil manejo, como prematuridade, gemelaridade, recém-nascidos com malformações dos mais variados órgãos.

Mas, mesmo nesses casos, o leite da mãe ainda é a melhor fonte de nutrientes, pois é um “alimento vivo” com mais de 250 fatores de proteção já comprovados, células tronco, ativadores da imunidade, entre outros.

A amamentação acalma o bebê, reduz a dor causadas por intervenções médicas ou relacionadas à doenças. Mas, possivelmente, o maior benefício seja o vínculo mãe-filho: um bebê que se sente amado tem sua autoestima elevada, algo tão importante para “querer viver”.

Além disso, amamentar é importante em muitas outras situações, como por exemplo: favorecer o desenvolvimento do sistema sensório-motor-oral, evitando problemas futuros de mastigação, oclusão dentária, fala, apneia do sono.

Construir com os pais a compreensão da importância da amamentação talvez seja o auxílio mais importante, além de ressaltar seu significado nesses casos. A pessoa qualificada para isso é aquela que conhece hoje a “Medicina Personalizada”, isto é, aquela que promove atenção a “tudo” o que envolve a amamentação: quem é essa mãe que amamenta e seu bebê; o que ela sabe sobre a amamentação nessa situação; quais os efeitos e como cuidar dessa relação mãe/filho/família.

Quanto dura uma mamada?

O bebê humano, ao nascer, é o menos apto a sobreviver quando comparado aos outros mamíferos. A teoria da exterogestação explica que o bebê ao nascer, após nove meses (38-40 semanas), não está “pronto” e se comporta como se vivesse ainda no útero materno: precisa de alimento o tempo todo, com intervalos muito curtos. Mamar a cada três horas é um sonho distante. Recomenda-se manter amamentação em livre demanda (LD), ou seja, oferecer os dois seios, quando solicitados. O bebê decide quanto ele precisa mamar.

Os seios são fábricas de leite e não reservatório. A maior parte da produção se dá durante a sucção. O leite anterior é o que mata a sede e hidrata, sai assim que o bebê suga; o leite posterior, que tem mais gordura, sai após a troca de olhares, afeto, acolhimento e um pouco mais de tempo de mamada e é o que faz engordar e sacia o bebê.

Conforme o bebê suga, o leite sai e se alternam sucção e pausa. Muito leite significa mais pausas, menos esforço. Mamadas curtas e frequentes estimulam os seios, significando que o bebê mama mais vezes.

Nas primeiras semanas de vida, a sensação de amamentar o dia todo não é muito distante da realidade. Com o tempo, ainda em livre demanda, os intervalos aumentam e se regularizam.

A recomendação de todas as instituições envolvidas com a saúde da criança é que a amamentação seja em livre demanda, desde a sala de parto, e exclusiva até o 6° mês de vida, seguindo até dois anos ou mais.

Leite ou composto lácteo?

Qual a diferença entre leite e compostos lácteos?
Como eles são designados pelos órgãos reguladores e são aprovados para serem comercializados?

Isso não está claro nos rótulos ou nas promoções. Compostos lácteos são produtos em que a quantidade de carboidrato pode variar de 11 a 19g; a quantidade de proteína de 2,4 a 5,8g; a de gordura total de 1,9 a 7,9g; e a de sódio de 49,5 a 169mg por porção.

Para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)-1996, o leite em pó integral deve conter 26 gramas ou mais de gordura.
Assim, o composto lácteo não é sinônimo de leite em pó. É um produto a base de soro de leite, adicionado de maltodextrina, que aumenta a palatabilidade e a oferta de calorias.

A dieta diversificada, com alimentos in natura ou minimamente processados, sem adição de açúcar, aumenta os fatores de proteção e minimiza os riscos à saúde da criança.

Enquanto isso, os compostos lácteos contribuem para um processo de escolhas alimentares monótonas que aumentam a chance de a criança formar um hábito alimentar inadequado, com preferência para os alimentos doces e não nutritivos.

É disso o que nossas crianças precisam?

badarsk | Pixabay

 

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Relator:
Departamento Científico de Aleitamento Materno da SPSP.

Republicado em 26/12/2018.

Este blog não tem o objetivo de substituir a consulta pediátrica. Somente o médico tem condições de avaliar caso a caso e somente o médico pode orientar o tratamento e a prescrição de medicamentos.

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