Reflexões: 2020 – um ano para ser esquecido ou para ser lembrado?

Reflexões: 2020 – um ano para ser esquecido ou para ser lembrado?

A Covid-19, em 2020, colocou a humanidade no “olho do furacão”. Aos poucos, esse vendaval foi perdendo força, deixando em seu percurso rastros de dor, incredulidade, estresse, sofrimento, algumas alegrias, mas também perdas e angústias.

O “novo normal” é a hashtag que quer expressar que a vida continuará, porém de um jeito diferente do anterior. É verdade: algumas coisas com certeza vão mudar. A questão é identificar quais serão essas mudanças e por quanto tempo perdurarão. Outra questão, que antecede todas as outras, é identificar o que já mudou por causa desta pandemia. Fomos confrontados de maneira impactante com o tempo. Para alguns, este tempo está demorando uma eternidade, para outros não está trazendo nenhum trauma.

vitalik radko | depositphotos.com

E, por falar em tempo, para alguns “não passou” e para outros, voou! Uma correlação inevitável aconteceu com a finitude da vida: a morte se tornou mais real, está mais próxima do que nunca. O confinamento trouxe a noção de que a vida tem que ser melhor aproveitada. Isso equivale a fazer (tudo?) o que se deseja, ocupar o tempo com algo que seja agradável, que dê prazer e tenha relevância.

Em decorrência dessa tragédia sanitária e econômica, tivemos que encontrar alternativas à nossa rotina habitual e, de alguma forma, encontrar conforto na quietude e no silêncio.

Nessa pandemia também podemos estar sendo “religiosos” de um jeito diferente – não vamos mais ao templo. Esta mudança pode trazer uma compreensão maior em encontrar a fé em nossa própria casa.

O mundo virtual aprofundou ainda mais as suas marcas, deixando claro que veio para ficar e a tudo afetar: os processos relacionais, as relações interpessoais, educacionais, o trabalho, lazer, cuidados com a saúde, enfim, tudo terá uma interface nova, mediada por algoritmos, aplicativos, etc.

Nesta pandemia tivemos que aprender a viver em família, a reconhecer as dificuldades inerentes ao papel que cada membro executa e valorizar a tarefa de cada um. Aprendemos a desenvolver habilidades emocionais, como resiliência, paciência, respeito, senso de organização, capacidade de perdoar e empatia. Nunca fomos tão desafiados em nossos papéis de mãe, pai, criança e adolescente. 

E tivemos algumas oportunidades que, se aproveitadas, significam adotar novos valores e classificá-los quanto à sua essencialidade.

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Relator
Fernando Manuel Freitas de Oliveira
Membro da Comissão de Ensino e Pesquisa
Coordenador do Blog Pediatra Orienta da Sociedade de Pediatria de São Paulo