Recomendação: uso de Oseltamivir em Pediatria

Relatoria:
Dra. Silvia Regina Marques
Presidente do Departamento Científico de Infectologia da SPSP, Médica Infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, IIER.

Dr. Mário Roberto Hirschheimer
Presidente da SPSP – Gestão 2013/2016,  membro do Departamento Científico de  Bioética da SPSP, membro do Núcleo de Estudos da Violência Doméstica contra a Criança e o Adolescente da SPSP

Dra. Lilian dos Santos Rodrigues Sadeck
Diretora de Cursos e Eventos da SPSP – Gestão 2013/2016, Médica Assistente do Berçário Anexo à Maternidade do Hospital das Clínicas da FMUSP; Professora Colaboradora do Departamento de Pediatria da FMUSP

 

O medicamento antiviral Fosfato de Oseltamivir (Tamiflu®) está disponível para tratamento de casos de Síndrome Gripal que tenham condições e fatores de risco para complicações, independentemente da situação vacinal, não havendo necessidade de aguardar o diagnóstico laboratorial de Influenza para iniciar o seu uso.
Ele deve ser utilizado, em princípio, até 48 horas a partir da data de início dos sintomas.O início precoce do tratamento pode reduzir a duração dos sintomas assim como reduzir a possibilidade de complicações da infecção, principalmente em imunossuprimidos ou outros pacientes com condições de risco para complicações. Em quadros graves ou com fatores de risco para complicações, o antiviral pode apresentar benefícios mesmo se iniciado após 48 horas do início dos sintomas.

APRESENTAÇÕES

O Minitério da Saúde disponibiliza o Fosfato de Oseltamivir (Tamiflu®), em Pólos de Distribuição no Sistema Único de Saúde (SUS) para pacientes ambulatoriais ou na rede de Hospitais Abastecidos ou Hospitais/Centros de Distribuição na forma de cápsulas de 30mg, 45mg e 75 mg.
Não está disponível na forma de suspensão pediátrica ou solução oral para crianças.
A consulta ao fluxo de Distribuição e Dispensação do Oseltamivir no Estado de São Paulo está disponível na página http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/resp/influa_fluxo_oseltamivir.htm
TRATAMENTO
Para indicações de tratamento com oseltamivir, consultar o Protocolo de Tratamento de Influenza – 2013, disponível na página: http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/index.cfm?portal=pagina.visualizarTexto&codConteudo=10408&codModuloArea=783&chamada=protocolo-de-tratamento-de-influenza-_-2013

POSOLOGIA

Tabela de dosagem do Oseltamivir por faixa etária para crianças menores de um ano:

Idade Dose Frequência Volume a partir de cáps.30mg *
<3 meses 12mg 2 X ao dia por 5 dias 2,4 mL, 12/12 h
3 a 5 meses 20mg 2 X ao dia por 5 dias 4 mL, 12/12 h
6 a 11 meses 25mg 2 X ao dia por 5 dias 5 mL, 12/12 h

              
Para uma apresentação na forma de suspensão ou solução oral:

  • Abrir cuidadosamente ou cortar uma cápsula de Oseltamivir de 30 mg (ver figuras abaixo)  em um copo e acrescentar  6 mL de água filtrada e fervida adocicada (medido com seringa), ou soro glicosado 10% e misturar bem. Assim, 1 mL da diluição terá 5 mg de Oseltamivir.
  • Administrar imediatamente após o preparo.
  • Desprezar o volume não utilizado.
  • Repetir este procedimento para cada dose do medicamento a administrar.

 

Tabela de dosagem do Oseltamivir para crianças maiores de 1 ano, por peso:

Peso Dose Frequência Nº de cápsulas
< 15 kg 30mg 12/12 h, por 5 dias 1 cap. de 30mg, 12/12 h
> 15 a 23 kg 45mg 12/12 h, por 5 dias 1 cap. de 45mg 12/12 h
> 23 a 40 kg 60mg 12/12 h, por 5 dias 2 cap. de 30mg, 12/12 h
> 40 kg 75mg 12/12 h, por 5 dias 1 cap. de 75mg, 12/12 h

 

Para crianças, que não conseguem ingerir a cápsula inteira:

  • Pegar a cápsula e cortar a ponta superior com uma tesoura (limpa previamente).

 

 

 

 

 

 

 

  • Transferir todo o conteúdo da(s) cápsula(s) para uma colher de sobremesa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  • Adicionar ao pó da cápsula (na colher) uma pequena quantidade de alimento adocicado como leite condensado, calda de chocolate, cobertura de sobremesas, açúcar mascavo ou refinado dissolvido em água, calda de frutas, mel (apenas para crianças maiores de dois anos de idade) ou iogurte (máximo 1 colher de chá), a fim de mascarar o sabor amargo do remédio. Misturar bem.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  • Após misturar bem, administrar todo o conteúdo da colher para o paciente.
  • Esta mistura deve ser administrada imediatamente após o preparo.
  • Repetir este procedimento para cada dose do medicamento que será administrado.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

Vômitos

Para os pacientes que vomitarem até uma hora após a ingestão do medicamento, deve ser administrada uma dose adicional.

Casos Graves

Não há evidência científica consistente para indicar o aumento da dose ou do tempo de utilização do antiviral. Entretanto, relatos de séries de casos sugerem possível benefício em casos graves ou em imunossuprimidos, com dose dobrada e prolongamento do tratamento acima de cinco dias. (http:/www.portalsaude.saude.gov.br)
Considerar a possibilidade de utilização de dose dobrada de Oseltamivir, de 12 em 12 horas, nas seguintes circunstâncias:

  • Insuficiência respiratória,
  • Neutropenia,
  • Imunossupressão,
  • Quimioterapia ou uso de corticosteróides e
  • Obesidade grau III em função da idade.

Na insuficiência renal

A dose deve ser ajustada ao clearence de creatinina:

  • Se  clearence > 30mL/min não há necessidade de alteração da dose
  • Se 10-30ml/min = reduzir a dose (de acordo com o peso corporal) para uma vez ao dia
  • Em hemodiálise = 1/5 da dose (30mg, se > 40 Kg) após a hemodiálise 
  • Em diálise peritoneal = 1/5 da dose (30mg, se > 40 Kg) 1 vez por semana

IMPORTANTE

Se for afastado o diagnóstico de infecção por qualquer vírus influenza, suspender a administração do oseltamivir.

 

Veja os locais de distribuição do Oseltamivir (Tamiflu)

 

Veja o Protocolo de Tratamento da Influenza SVS/MS – 2013

 

Texto divulgado em 27/06/2013.