Quando se fala em “segurança do paciente”, do que estamos falando?

Quando se fala em “segurança do paciente”, do que estamos falando?

O erro, no mundo todo, tem contribuído com percentual significativo para desfechos desfavoráveis e para a oneração dos custos na assistência médica. Essa constatação motivou o desencadear pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de ações para o seu enfrentamento, uma delas foi a instituição do Dia Mundial da Segurança do Paciente, que é celebrado em 17 de setembro.

Quando se fala em “Segurança do Paciente” estamos falando de “prevenir o que é prevenível” no exercício dessa atividade complexa (a arte de curar) e que não é “matemática”. Falhas podem ocorrer em todas as etapas do processo da assistência médica. Oito grandes ocorrências já foram identificadas e são objeto de ações, em nosso país, pelo Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP). Destacamos:

  • Identificação do paciente:

Erros podem levar, por exemplo, à aplicação de medicamento ou transfusão, ou realização de testes diagnósticos, ou algum procedimento, em paciente errado e/ou em local errado. Soluções simples e eficazes: pulseiras de identificação, etiquetas em prontuários e solicitações de exames e a confirmação indispensável dos dados pessoais junto ao paciente.

  • Higienização das mãos:

As mãos são a principal via de transmissão de germes durante a prestação de cuidados de saúde. Soluções: a higiene das mãos deve ser realizada, obrigatoriamente, antes e após o contato com o paciente; antes e após a realização de procedimentos; após contato com material biológico e com o mobiliário e equipamentos próximos ao paciente.

  • Cateteres e sondas:

A infusão de soluções em vias erradas, como aquelas que deveriam ser administradas em sondas enterais serem realizadas em cateteres intravenosos. Soluções: Verificação, obrigatória, das conexões antes da infusão.

  • Cirurgia segura:

Evitar a possibilidade de realizar o procedimento errado no local errado ou no paciente errado. Evitar também as surpresas pela falta ou falhas em equipamentos ou de suprimentos indispensáveis ao ato cirúrgico, passíveis de identificação preventiva. Soluções: Utilização de “listas de verificação” (check-lists), aplicadas em três momentos cruciais: antes da indução anestésica, antes da incisão na pele e antes de o paciente sair da sala de cirurgia, que permitem avaliar/rever todo o processo, desde o início até a conclusão.

  • Sangue e hemocomponentes:

Evitar a transfusão incompatível. Soluções: a transfusão só poderá ocorrer após a confirmação da identidade do paciente e sua compatibilidade com o produto (glóbulos vermelhos, plaquetas, fatores de coagulação, plasma fresco congelado).

  • Prevenção de queda:

Essa possibilidade é maior em menores de 5 anos e em maiores de 65 anos. Soluções: atenção especial para: agitação/confusão, déficit sensitivo, distúrbios neurológicos, uso de sedativos, visão reduzida, dificuldades de marcha, hiperatividade e riscos ambientais (iluminação inadequada, pisos escorregadios, superfícies irregulares).

  • Prevenção de lesão por pressão:

Lesões por pressão são lesões na pele, geralmente localizadas sobre uma proeminência óssea, resultantes de pressão isolada. Soluções: a avaliação periódica dos riscos que cada paciente apresenta para a ocorrência de úlceras por pressão e instalação de medidas protetivas específicas.

  • Comunicação efetiva:

O paciente recebe cuidados de diversos profissionais e em diferentes locais, o que torna imprescindível a comunicação eficaz entre os envolvidos no processo. Soluções: a passagem de plantão e o registro em prontuário são exemplos de ferramentas de comunicação efetiva, oral e escrita, onde é necessário transmitir as informações com clareza e fidedignidade.

Como eu desejaria ser tratado caso estivesse…

Preencha o pontilhado com a sua imaginação. Por exemplo: se estivesse internado; se estivesse na sala de espera de um Pronto-Socorro ou na recepção de um Laboratório de Análises Clínicas.

Tenho certeza de que a minha avó responderia da mesma forma que meu pai e da mesma maneira que eu ou você. Nós todos desejaríamos ser tratados com competência, profissionalismo, compreensão, amabilidade, respeito, não sermos deixados abandonados e mantidos em segurança.*

 

Para saber mais:

* Fernando MF Oliveira. O novo. Reflexões baseadas em evidências. São Paulo: Fonte Editorial. 2019.

 

Relator:
Fernando MF Oliveira
Coordenador do Blog Pediatra Orienta da SPSP