SPSP-Sociedade de Pediatria de São Paulo
Texto divulgado em 10/08/2016
Pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), publicaram um estudo na Revista Paulista de Pediatria de setembro de 2016, que analisou se as informações veiculadas em sites populares estão de acordo com os passos recomendados no Guia Alimentar para Crianças Menores de Dois Anos do Ministério da Saúde (2010).
Os autores destacam que os anos iniciais da vida de uma criança, em especial os dois primeiros, são caracterizados por crescimento acelerado e grande evolução no processo de desenvolvimento, um período vital para a implantação de boas práticas de alimentação. O Ministério da Saúde recomenda o aleitamento materno exclusivo do bebê até os seis meses de vida e, a partir dessa idade, indica a introdução da alimentação complementar. A introdução precoce de alimentos de baixo valor nutricional e altamente calóricos nos primeiros anos de vida e o encurtamento do período de amamentação exclusiva são fatores que contribuem para o surgimento de processos alérgicos, distúrbios alimentares, anemia e excesso de peso, além da diminuição da capacidade protetora do sistema imunológico. Apesar do acesso crescente de mães, pais e cuidadores à Internet para obter informações sobre amamentação e alimentação complementar, recorrendo a sites populares que não apresentam conteúdo científico, ainda são poucos os estudos brasileiros que apresentam essa temática. Nesse sentido, o estudo da Universidade Federal de Juiz de Fora teve como objetivo analisar se as informações veiculadas em sites populares estão de acordo com os passos recomendados no Guia Alimentar para Crianças Menores de Dois Anos do Ministério da Saúde (2010).
Foi realizado um estudo descritivo/comparativo entre os meses de agosto e outubro de 2014, no qual foi realizada uma busca (via Google) por sites populares, voltados para o público leigo, na língua portuguesa, que continham informações sobre a alimentação de crianças menores de dois anos. As palavras-chave utilizadas foram: “alimentação infantil”, “alimentação complementar”, “alimentação do bebê” e “primeira papinha”. As informações encontradas nos 50 sites analisados – entre blogs, sites de empresas alimentícias e sites especializados em nutrição infantil – foram comparadas com o Guia Alimentar do Ministério da Saúde (2010).
Os autores encontraram que as informações contidas nos sites apresentaram, em grande parte, discordância com o que é preconizado pelo órgão governamental. “Nossos resultados apontaram que dos cinquenta sites analisados, apenas 10% apresentaram corretamente as recomendações do Guia Alimentar. Além disso, muitas das informações contidas nos sites avaliados discordaram do que é preconizado pelo Ministério da Saúde”, afirma a professora Larissa Loures Mendes, uma das autoras da pesquisa.
Segundo a professora, atualmente muitos pais e responsáveis buscam informações sobre a alimentação dos filhos em mídias digitais (sites, blogs e redes sociais) e, apesar de utilizarem essa fonte de informação, desconhecem sua procedência e qualidade. “O estudo aponta dois impactos importantes. Primeiro, faz um alerta: mães, pais e responsáveis devem estar atentos ao que é veiculado nas mídias digitais com relação a alimentação infantil. O recomendado é que procurem informar-se em sites confiáveis ou diretamente com o nutricionista ou pediatra do seu filho. Segundo, reforça a necessidade de uma maior difusão das recomendações e de uma fiscalização do conteúdo de sites voltados à alimentação infantil, para que informações confiáveis sejam difundidas e possam contribuir para a prevenção de doenças e promoção da saúde”, destacou a professora
Contato:
Larissa Loures Mendes
Universidade Federal Minas Gerais, Belo Horizonte (MG)
E-mail: [email protected]