SPSP – Sociedade de Pediatria de São Paulo
Texto divulgado em 10/04/2018
Pesquisa com referências da literatura médica relacionadas ao consumo de bebidas açucaradas não alcoólicas e leite e sua associação com o índice de massa corporal em adolescentes verificou que não há um consenso nos 30 estudos avaliados e nota-se escassez de artigos nacionais sobre o tema.
Não há um consenso na literatura observada sobre a associação entre consumo de leite e bebidas açucaradas não alcoólicas – tais como refrigerantes e sucos adoçados – e o índice de massa corporal (IMC) em adolescentes, além de haver escassez de artigos nacionais sobre o tema (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2015; LUDWIG; PETERSON; GORTMAKER, 2001; MALIK; SCHULZE; HU, 2006).
Foi o que concluíram pesquisadores da Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ), em Divinópolis (MG), que avaliaram 30 artigos nacionais e internacionais relacionados ao consumo de bebidas açucaradas não alcoólicas e leite e sua relação com o IMC em adolescentes. O artigo “Consumo de bebidas açucaradas, leite e sua associação com o índice de massa corporal na adolescência: uma revisão sistemática” foi publicado na Revista Paulista de Pediatria (v. 36, n. 1).
A pesquisa dos artigos foi feita nos portais PubMed e BVS (Biblioteca Virtual em Saúde). Foram selecionados estudos com os filtros idade entre dez e 19 anos e artigos em português e inglês, publicados entre 2011 e 2015. Entre os 20 artigos que abordaram bebidas açucaradas em geral, 55% encontraram associação entre seu consumo e aumento do IMC. Nos estudos sobre a ingestão de refrigerantes, todos apresentaram relação com a elevação do IMC. Em relação aos estudos sobre leite, somente um artigo mostrou associação entre a bebida e o aumento do IMC. Três artigos mostraram proteção entre consumo de leite e IMC elevado e três trabalhos não encontraram nenhuma associação.
Foram analisados estudos que abordaram refrigerantes e bebidas açucaradas em geral, o que engloba sucos adoçados ultra processados, tais como o suco em pó e, inclusive, o suco de caixinha, que o público acredita ser um substituto saudável para os refrigerantes. Nossa avaliação sistematizada dos artigos permitiu analisar, refletir e discutir de forma clara e accessível o padrão de consumo de bebidas açucaradas e leite por jovens e seu impacto no estado nutricional, especialmente na ocorrência ou fator protetor da obesidade, explicam os autores da pesquisa.
Torna-se imperativo que políticas públicas voltadas para a redução do consumo das bebidas açucaradas sejam adotadas, especialmente em ambientes infantis, visando a promoção da saúde e a prevenção de doenças em jovens, que estão ocorrendo cada vez mais precocemente, alertam os pesquisadores.
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