Prevenção da surdez começa no pré-natal

Prevenção da surdez começa no pré-natal

Em 10 de novembro é celebrado o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez. A prevenção da surdez começa no período pré-natal – saber se existe na família algum caso de surdez presente ao nascimento; se os pais são parentes entre si (parentesco de primeiro e segundo graus). Para estes casos, a orientação do geneticista pode ser muito útil.

No período gestacional é fundamental a realização das consultas pré-natais. O acompanhamento com o obstetra é importante para garantir uma evolução sadia do seu futuro bebê!

Deve-se fazer os testes sorológicos na gestante para afastar o risco de infecções maternas durante a gestação, que podem passar despercebidas. São elas: toxoplasmose, citomegalovirose, rubéola, herpes, Aids, sífilis, zika vírus, chikungunya, Covid-19.

O período que envolve o parto e a alta hospitalar do bebê são momentos críticos para a audição. Bebês que nascem prematuros e/ou com baixo peso também podem ter risco para a surdez. Internação em UTI por mais de cinco dias, problemas de oxigenação que necessitam de entubação, aumento da bilirrubina em que existe a necessidade de exsanguinotransfusão, uso de antibióticos ototóxicos, meningite, hemorragia periventricular também são fatores de risco.

Deve sempre ser solicitada a avaliação audiológica de seu bebê antes da alta hospitalar – o que é conhecido como o “Teste da Orelhinha”. É seu direito e é lei. Os testes são simples, rápidos, não invasivos, não dolorosos e permitem avaliar com muita precisão se o seu bebê “passou” na triagem auditiva.

Se existe suspeita de falha no “Teste da Orelhinha”, seu bebê deve ser encaminhado para as unidades de referência para confirmação da surdez e se iniciar de forma precoce o processo da reabilitação auditiva.

Quando um diagnóstico e a reabilitação da perda auditiva são feitos de forma precoce, as chances de o recém-nascido desenvolver a fala e a linguagem são muito maiores.

Durante o período pré-escolar e escolar, as infecções de ouvido são mais frequentes e podem causar perda auditiva temporária, que pode afetar o bom desenvolvimento da criança. Por isso o acompanhamento periódico com o pediatra e a realização de avaliações audiológicas seriadas são importantes.

Nas crianças maiores é importante estar atento ao uso de fones de ouvido em volume aumentado. Mesmo a música alta pode causar perda auditiva irreversível.

Que a audição de seu filho não se restrinja apenas ao dia 10 de novembro. A audição que nos permite estar na “presença intelectual dos homens” (Hellen Keller). É graças a audição que iremos desenvolver a fala, a linguagem, que iremos aprender e ensinar.

 

Relator:

Manoel de Nóbrega
Presidente do Departamento Científico de Otorrinolaringologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo