Em 06 de maio, o Ministro de Relações Exteriores, Antonio de Aguiar Patriota, anunciou que o governo brasileiro se prepara para trazer seis mil médicos cubanos para trabalhar em áreas carentes no interior do Brasil.
Ora! Nenhum de nós nega que existem imensas áreas no território brasileiro carentes de recursos para assistência à saúde de sua população. Sem dúvida, o médico é sujeito essencial para implementá-la, mas somente o médico não é suficiente! É exatamente por não existir uma infraestrutura mínima que leva o médico a não se fixar nestas comunidades. Mesmo com uma remuneração digna, como exercer a medicina dignamente sem outros recursos (humanos, exames subsidiários, hospitais, materiais e medicamentos, apoio logístico e de segurança, etc.)?
Independente da inadequação ética e legal, não vai ser a “importação” de médicos que irá solucionar o problema. Seria mais um “remendo” ineficaz; mais “Uma Tentativa Inútil” (UTI). Não irá demorar para que esses médicos “importados” migrem para regiões onde há mais dignidade para seu exercício profissional.
Políticas de saúde se fazem instalando infraestrutura, planejamento, logística e principalmente vontade política para implementá-las.
Faltam médicos brasileiros? Também não será a criação de mais escolas médicas, mesmo em regiões carentes de recursos de saúde, que não possam oferecer uma residência médica para os seus formandos. Afinal é a residência médica que mais influi na fixação do médico na região, mas para implantá-la é necessária a tal da infraestrutura.
Também não basta instalar a infraestrutura se não houver um programa de cargos, carreira e salários na rede pública, que motive os profissionais da saúde a exercerem suas atividades com competência, motivação e comprometimento (como a que existe, por exemplo, no judiciário).
Está na hora das autoridades brasileiras proporem soluções que atendam os interesses da população e não só os da próxima eleição.
Respeitosamente,
Mário Roberto Hirschheimer
Texto divulgado em 10/05/2013.