A pergunta é pertinente, afinal parece que a humanidade vem contando histórias desde que nossos ancestrais passaram a conviver em pequenos agrupamentos. Algumas são inúmeras vezes repetidas ao longo do tempo, outras são criadas para substituir aquelas que já “envelheceram”. Precisamos delas por algum motivo.
Contamos histórias em livros, em áudios, em vídeos, em filmes, em família, em salas de aula, em palestras. São de todos os tipos: relatos de fatos que aconteceram ou histórias gestadas em nossas mentes criativas e são lançadas ao ar. Por que necessitamos utilizar esse instrumento tão singular e precioso?
Penso que o grande motivo implícito em todas as nossas narrativas é o de buscar sentido. Em outras palavras, as histórias ajudam crianças e adultos a entender os mistérios da vida: ao lê-las ou ouvi-las, recebemos ajuda para identificar quem somos.
Algumas dessas histórias alcançam toda a humanidade e atravessam séculos. Outras têm significados restritos a uma cultura ou época. Algumas se revestem de sacralidade porque adentram o espaço da transcendência, do mistério, das perguntas inquietantes: por que existimos?
Nesta época do ano, comemoramos uma das grandes histórias da humanidade, o Natal. Ela pode ser lida ultrapassando os muros estritos da religiosidade. Podemos entendê-la como uma história de chamamento, conclamação para a alegria de viver, celebração dos afetos, para o desejo de transformar o que já é belo ainda mais belo, para o cuidado da casa que nos acolhe – a natureza, o planeta Terra. É uma época que antecipa nossos anseios para o novo ano que se avizinha, para o que almejamos que seja um tempo de novos desafios, de conquistas pessoais, profissionais e como nação: tempo de grandes encontros.
“Senta que lá vem história!”, assim as crianças na década de 1990 eram convidadas a assistir ao programa “Rá-Tim-Bum”, dirigido por Fernando Meirelles.
Digamos uns para os outros, para nossos filhos, para nossas crianças – sentem-se que lá vem história. Qual história? A que seu coração deseja expressar e perenizar na lembrança do outro. Não nos esqueçamos que, individualmente, cada um é uma história que está sendo contada.
Feliz 2023!
Relator:
Fernando MF Oliveira
Coordenador do Blog Pediatra Orienta da SPSP