A Sociedade de Pediatria de São Paulo, ao tomar ciência de diversas matérias sobre amamentação que têm sido veiculadas em blogs e outros meios de comunicação não especializados sobre o assunto, solicitou ao seu Departamento Científico de Aleitamento Materno que elaborasse um texto com as principais informações para esclarecer e incentivar as mães à prática da amamentação até os 2 anos de idade.
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Por que amamentar?
O choro é a principal forma que o bebê tem de se comunicar – pode chorar porque está com frio, porque está com calor (muito comum em um país quente como o nosso), porque está com a fralda suja, por estar com fome e ainda, na maioria das vezes, por querer o colo da mãe. No início é muito difícil para a mãe entender, mas com o passar dos dias e observando o bebê, ela logo passará a conhecer os motivos do choro. O mais comum é chorar porque quer colo. E por que isso é comum? Imagine esse pequeno ser que cresceu dentro da mãe, lá ele tinha a temperatura certa, não passava frio ou calor, era embalado pelo andar da mãe e o movimento do liquido amniótico, ouvia sua voz e era alimentado em tempo integral e, de repente, passa pelo estresse do nascimento, é colocado no carrinho ou no berço, usa roupas (aliás nem sempre confortáveis), não consegue perceber a presença da mãe (não ouve sua voz), não sente o seu calor e não entende que não faz mais parte daquele corpo; resta apenas chorar e, ao ser pego no colo, ou ao ouvir a voz da mãe, a criança se acalma. Esse choro é chamado pelos especialistas “choro da angústia da separação”. Como tratar a angústia da separação? Simples, dando colo. Por outro lado, indo para o colo geralmente o bebê procura o seio materno e aí surge a dúvida – será que era fome?
A criança sente muito prazer ao sugar e, nessa idade, tem o reflexo de procurar aumentado e tenta abocanhar tudo que esbarra na sua face perto da boca. Entender os sinais de fome é fundamental para que a mãe não caia nessa “armadilha”. O bebê com fome fica irritado, tem movimentos oculares mais rápidos e procura abocanhar tudo mesmo, até a roupa que o envolve. Ao amamentar, a mãe deve permitir que a criança sugue o mesmo peito pelo menos trinta minutos, pois dessa forma estará segura que seu filho recebeu o leite com maior teor de gordura que só sai no final da mamada. Esse leite dá a sensação de saciedade que só a criança que mama no peito adquire. Aliás, esse é um fator de proteção contra a obesidade. A criança que é alimentada na mamadeira perde a chance de desenvolver a sensação de saciedade porque o leite cai na sua boca sem que ela domine bem o fluxo. Na mamadeira, a gordura já está dissolvida no leite, de forma que criança irá recebê-la do início até o final da refeição.
Vale a pena lembrar que o leite materno traz toda a memória imunológica da vida da mãe. Desta forma seu filho estará protegido dos mais diversos tipos de infecção. Essa proteção pode ser a causa da menor incidência de leucemias em crianças amamentadas. As fórmulas lácteas disponíveis no mercado são, em sua grande maioria, provenientes do leite de vaca. Fortunas são gastas para que se aproximem do leite materno, mas isso ainda não foi possível
A proteína da vaca existente na fórmula láctea pode confundir o organismo imaturo da criança. Por isso, pessoas privadas do aleitamento materno têm maior chance de ter doenças alérgicas e autoimunes. A maior quantidade de sal pode levar ao desenvolvimento de hipertensão.
Leite de peito não acaba, pois a sucção libera a prolactina (hormônio que produz o leite), se a mãe tiver a sensação que o peito está vazio ela deve deixar o bebê sugar e tomar bastante água. Lembramos que peito bom é aquele que o leite desce quando o bebê suga, porque facilita a pega e não expõe a mama ao perigo de infecção (mastite).
A criança que mama no peito tem o Coeficiente Emocional (QE) mais alto porque suas necessidades emocionais (angústia da separação) são satisfeitas de forma mais plena pelo calor, pela voz e pelo leite da mãe. A Sociedade de Pediatria de São Paulo e a Sociedade Brasileira de Pediatria, junto com o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde recomendam aleitamento materno exclusivo até os seis meses e, a partir desse período, deve-se introduzir a alimentação complementar e continuar, sempre que possível, o aleitamento até os dois anos de idade.
Dra. Marisa da Matta Aprile
Consultora Internacional em Lactação
Presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da SPSP