Os Olhos da criança: Cuide bem de um bem precioso

Hoje existe uma subespecialidade pediátrica que é chamada de oftalmopediatria e o oculista que se especializou em problemas oculares da infância é o oftalmopediatra.

Os olhos no começo da vida
Todo recém-nascido precisa de uma consulta com o oftalmopediatra?
Depende.
Sem dúvida, todo prematuro (peso ao nascer menor que 1500gr e/ou idade gestacional menor que 32 semanas), sim.
Os outros recém-nascidos são examinados por neonatologista que têm um treino específico para esse fim. É ele quem encaminha ao oftalmopediatra, os casos suspeitos de infecções, trauma, glaucoma, defeito congênito, reflexo vermelho anormal. Isso permite um tratamento precoce e eficaz.
O próprio pediatra, em suas consultas de rotina, deve orientar os pais a perceber sinais suspeitos como a falta de interesse da criança em seguir objetos. Além disso, em crianças maiores, deve fazer, no consultório, teste de visão com as tabelas de Snellen com os E em posição diferentes.
O pediatra deve também orientar a família, quanto aos sinais de alerta para consulta imediata ao oftalmopediatra:

  • olhos e/ou bordas das pálpebras sempre vermelhos
  • lacrimejamento constante
  • apertar os olhos para ver melhor
  • olho torto
  • aproximar demais para assistir televisão ou ler livro
  • desinteresse pela leitura e outras atividades que requerem boa visão.
  • pulila branca/”menina dos olhos” deformada.

Observação: geralmente, dor de cabeça de repetição em criança saudável, não é problema ocular.

De rotina, qual é uma boa idade para a criança ser examinada pelo oftalmopediatra?
Aos 3 anos.
Qual é o objetivo do exame mesmo se a criança parece normal?
Esse exame visa detectar pequenos, mas importantes defeitos oculares como estrabismo (“olho torto”) ou anisometropia. Anisometropia é quando a criança tem uma diminuição da acuidade visual, mas ela é muito diferente em cada olho; a criança tende a usar o olho melhor; o outro fica o “olho preguiçoso” – vai perdendo sua função e pode chegar a cegar (ambliopia). Tudo isso pode ser evitado com medidas tomadas a tempo.

Como a criança não coopera e não sabe ler, como o oftalmopediatra faz o exame?
O exame oftalmológico é objetivo. Não é necessário que a criança fale ou leia para se saber o quanto ela enxerga. Calculamos o grau de óculos independente da informação da criança através de auto-refratores computadorizados ou com lentes soltas.   
Nos casos em que se quer “medir a visão” ou confirmar algum déficit visual, podemos lançar mão de testes como o Teller ou testes eletrofisiológicos.

Relator: Dr. Jayme Murahovschi
Membro da Diretoria da Sociedade de Pediatria de São Paulo – gestão 2007-2009; Doutor pela FMUSP e livre-docente em Pediatria Clínica pela Escola Paulista de Medicina: Professor Titular de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas de Santos, SP.

Texto recebido em 16/6/2009 e divulgado em 1º/07/2009.