Por uma maior conscientização sobre a prematuridade

Por uma maior conscientização sobre a prematuridade

O dia 17 de novembro, considerado o Dia Internacional de Conscientização Sobre Prematuridade, foi criado por organizações de mães na Europa e pela European Foundation for the Care of Newborn Infants (EFCNI) em 2008. Em 2010, a organização norte-americana March of Dimes, a organização africana LittleBigSouls, a Australian National Preemie Foundation e a EFCNI se juntaram para celebrar esse dia especial.

Desde 2011 é designado o Dia Mundial da Prematuridade e, desde então, vem abarcando mais e mais países no mundo. Em 2013 eram 60 e em 2019 já tinham mais 100 países, em que grupos de pais, famílias, profissionais de saúde, políticos, hospitais, organizações e outras partes interessadas envolvidas no nascimento prematuro realizam campanhas de mídia, eventos locais e outras atividades em níveis local, regional, nacional ou internacional para conscientizar o público.

O dia foi ampliado para todo o mês de novembro, sendo escolhido o roxo, por simbolizar sensibilidade e individualidade, características que são muito peculiares aos recém-nascidos pré-termos. O roxo também significa transmutação, ou seja, mudança, transformação.

O número de bebês prematuros no mundo ainda é muito elevado, segundo a Organização Mundial da Saúde. Em 2020, aproximadamente 13,4 milhões de bebês nasceram prematuros no mundo, representando mais de 10% de todos os nascimentos. No Brasil, em 2023, a ocorrência desses nascimentos chegou a cerca de 301.718 (11,9% dos nascidos vivos), sendo equivalente a 840 por dia.

O Novembro Roxo é o mês dedicado às ações de sensibilização voltadas para prevenir ou minimizar o nascimento prematuro, já que é atualmente uma das principais causas de óbito no período neonatal e entre crianças menores de cinco anos.

Durante esse mês são realizadas atividades e mobilizações direcionadas ao enfrentamento do parto prematuro, com foco na prevenção do nascimento antecipado e na conscientização sobre os riscos envolvidos, bem como na assistência, proteção e promoção dos direitos dos bebês prematuros e suas famílias.

O parto prematuro pode, em grande parte, ser prevenido com um pré-natal adequado e iniciado precocemente. A detecção de problemas maternos, que podem desencadear o parto prematuro, deve ser feita durante as consultas de pré-natal, incluindo avaliação de exames clínico-laboratoriais, que estão disponíveis nas Unidades Básicas de Saúde. Um atendimento adequado no pré-natal já irá diminuir o número de bebês que nascem antes de 37 semanas de idade gestacional.

Em alguns casos, mesmo realizando um pré-natal adequado, o bebê pode nascer prematuro, seja por doenças maternas graves ou por problemas do próprio bebê. Nesses casos eles deverão nascer em hospitais que tenham Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), possibilitando o cuidado adequado para esses pequenos pacientes.

Os problemas da prematuridade vão além do baixo peso, um prematuro precisa de cuidados especiais na UTI, o que aumenta em três vezes o risco de morte e sequelas futuras para sua vida adulta. Observa-se que com os avanços tecnológicos dos últimos anos está aumentando a sobrevida de recém-nascidos cada vez mais prematuros, com possibilidade de sobrevida de bebês que nascem a partir de 24-25 semanas.

Essas crianças permanecem por um longo tempo internadas e, durante esse período, seus pais passam por vários graus de ansiedade e de medos. Medo da perda, de sequelas e depois, próximo da alta, o medo de cuidar em casa. Portanto, além da equipe da UTIN cuidar do recém-nascido, deve cuidar também da família, que irá necessitar de muito apoio e acolhimento. E progressivamente, de acordo com a evolução do bebê, ir estimulando os pais a participarem dos cuidados do dia a dia.

 

Relatora:
Lilian dos Santos Rodrigues Sadeck
Membro do Departamento Científico de Neonatologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo