A saúde escolar depende dos pediatras e dos outros profissionais da saúde (psicólogos, fonoaudiólogos, otorrinolaringologistas, oftalmologistas, ortopedistas, etc.); da escola (professores, diretores, pedagogos, etc.), da família (pais, irmãos e avós) e todos interagindo com a comunidade em que vive a criança.
Todo pediatra sabe que as crianças de 0 a 2 anos são aquelas que mais são trazidas pelos pais no consultório. Um pouco menos aquelas de 2 a 5 anos e muito pouco aquelas de 5 a 10 ou 11 anos, ou seja, a fase que antecede a adolescência. Os pais acham que as patologias nesta idade são mais raras e resolvem inclusive nesta ocasião medicar as crianças por si só. Não lembram da necessidade da consulta de promoção da saúde, da prevenção dos agravos possíveis de serem prevenidos, enfim da consulta de controle de saúde.
Os pediatras precisam estimular os pais a levarem no consultório as crianças nesta faixa etária, ao menos 1 vez por ano.
A consulta da criança na idade escolar reveste-se de certas peculiaridades. Ao lado das perguntas feitas para a HMA, devem conter informações tais como alimentação, imunização e I.S.D.A.. Soma-se a isto informações próprias da Rotina de vida do Escolar, seu dia padrão, para que se possa ter uma noção de quantas horas são dedicadas à alimentação, ao sono, ao lazer livre, à escola e às tarefas escolares, e ao lazer orientado. O pediatra deve orientar os pais a respeito das crianças para terem uma boa distribuição de horários para todas estas tarefas e inclusive ter um local e um horário (não rígido obrigatoriamente) para realizar as tarefas da escola.
Nesta fase devem também orientar quanto à sexualidade neste período que antecede a adolescência, e livros e conversas adequadas devem satisfazer suas curiosidades.
O fato das crianças freqüentarem um bom número de horas na escola implica em solicitar informações relativas ao rendimento escolar.
Há crianças que tem dificuldades leves em relação à escola e outras dificuldades importantes no aprendizado.
Alguns conselhos no consultório tais como ter um local para estudar e fazer lições de casa, ter seus deveres observados ao menos 2 a 3 vezes por semana, podem resultar em efeitos importantes e eficientes para a aprendizagem.
Outras vezes é preciso a ajuda de outros profissionais de equipe, tais como pedagogos, psicólogos ou fonoaudiólogos, etc. O pediatra deve interagir com todos.
A professora toma um papel relevante neste período, pois pode informar detalhadamente o que acontece durante o período que a criança fica em classe ou na escola como um todo.
O Pediatra deve interagir com os mesmos e com as famílias para ampliar as informações à respeito das dificuldades na escola.
Nesta fase se faz necessário também estar atento para distúrbios da visão, audição e fala que eventualmente não foram detectados em fases anteriores. Dar os devidos encaminhamentos.
O pediatra deve também estar informado a respeito das condições ambientais na escola; saber, por exemplo, dos riscos em relação a acidentes e violência. Sempre que for possível conhecer a escola e o interesse escolar e orientar bem a criança e a família.
Dependendo da região que o pediatra atuar, seja ele em uma Unidade Básica de Saúde; seja ele em Consultório Particular, conhecer bem a Comunidade em que atua, para valorizar as coisas boas da região bem como: jogos infantis, locais de lazer, bibliotecas, etc. e também os locais de risco.
O pediatra interagindo com outros profissionais da equipe, tendo a professora como membro desta grande equipe de saúde, e os familiares junto aos seus clientes durante a consulta, podem normalmente melhorar as condições de vidas das crianças na idade escolar.
Autora: Dra. Luiza Arthemia Suman Mascaretti
Presidente do Departamento de Saúde Escolar da Sociedade de Pediatria de São Paulo – 2007-2008 ; Professora Assistente Doutora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP.
Texto recebido em 8/10/2008.