O mito dos andadores

Andador: Mocinho ou Vilão?

O andador consiste numa base com rodas que suporta uma armação rígida que apóia um assento com aberturas para as pernas e geralmente possui uma bandeja plástica. 
Os pais acreditam que, ao usar o andador, a criança estará segura e alegam várias razões para seu uso, como: manter a criança quieta e feliz, encorajar mobilidade, estimular a marcha, fazer exercícios e contê-la enquanto está se alimentando.
Andadores são perigosos! Mesmo com supervisão, a maioria dos acidentes acontece enquanto um adulto está cuidando da criança.
O exemplo do Canadá deveria ser seguido, onde a venda está proibida desde abril de 2004.
A maioria dos modelos disponíveis no mercado possui rodas pequenas, bordas cortantes ou arestas afiadas.
O que pode acontecer de errado do ponto de vista físico:

  1. A criança pode virar o andador para trás, quando apóia os pés no chão e impulsiona o corpo para trás, e bater a cabeça no chão ou na parede;
  2. A criança pode apoiar os pés no chão de maneira inadequada, dobrando o dorso dos pés para trás, correndo o risco de provocar lesões nos dedos dos pés e na região do tornozelo.

Acidentes que podem acontecer com a criança no andador:

  1. fraturas e traumatismos cranianos, ao rolar uma escada para baixo;
  2. queimaduras e ferimentos cortantes, por conseguir alcançar alturas mais elevadas, pegar um copo, um talher em cima da mesa ou panelas no fogão;
  3. afogamento, ao cair numa piscina, banheira ou balde;
  4. envenenamentos, devido ao acesso aumentado a produtos químicos e de uso domiciliar.

A maioria dos acidentes mais graves decorre de quedas em escadas, degraus e desníveis de piso.


RECOMENDAÇÕES:

  1. A aquisição de andadores não é recomendada, por representar risco de lesões graves em crianças pequenas e por não haver benefício algum em seu uso;
  2. Modificações na estrutura dos andadores para prevenir quedas de escadas (mais largos do que a passagem das portas ou mecanismo de freio para parar quando uma ou mais rodas inclinam-se para baixo) tornam seu custo mais alto e não são eficientes em prevenir os acidentes;
  3. Mecanismos de proteção de escadas, como portões em cima e em baixo não costumam prevenir as quedas;
  4. Creches, escolinhas e hospitais não devem permitir o uso de andadores;
  5. Centros de atividades infantis disponíveis no mercado, onde a criança pode saltar, girar e virar, eliminam o risco de quedas de escada e são mais seguros que os andadores;
  6. Todos aqueles que possuem andadores deveriam ser encorajadas a levá-los a locais onde seriam destruídos e seus materiais reciclados.

“MANTENHA SEU FILHO SEGURO… JOGUE FORA O ANDADOR”

 

Relatora: Dra. Renata Dejtiar Waksman
Vice-presidente do Departamento de Segurança da Criança e do Adolescente da SPSP – gestão 2007-2009; Coordenadora do Núcleo de Estudos da Violência contra a Criança e o Adolescente da SPSP; Pediatra do Departamento Materno-Infantil do Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP.

Texto original divulgado em 2005.
Texto atualizado em 16/08/2007.