O uso do ninho no cuidado do bebê prematuro na unidade neonatal

O bebê, antes do nascimento, está protegido pelo útero materno que o acolhe, regula sua temperatura, fornece sua alimentação, permitindo seu crescimento físico e mental e protegendo-o das agitações do meio ambiente externo. Quando ocorre o nascimento prematuro, esse bebê perde a proteção do útero e se depara com condições muito desfavoráveis para o seu desenvolvimento. Muitas vezes ele irá precisar de ajuda para coisas simples como controlar sua temperatura, respirar e se alimentar.

Os profissionais de saúde que cuidam desses pequenos guerreiros, assim como seus pais, precisam ajudá-los a se adaptarem à vida fora do útero e a se organizarem para todas as novas etapas de crescimento e desenvolvimento que estarão por vir.

Arquivo pessoal da Dra Maria Regina Bentlin

Uma dessas formas que ajuda na adaptação, organização, segurança e proteção do prematuro é a utilização do ninho. Ele precisa ser feito de forma adequada, por profissionais habilitados e ser usado apenas na unidade neonatal, no período em que o prematuro vai precisar de toda ajuda para o seu crescimento e desenvolvimento, que deveriam ocorrer dentro do útero, mas que por algum motivo, foi interrompido.

O ninho fica em volta do bebê, desde a cabeça até os pés, como se fosse as paredes do útero. Permite que o bebê fique posicionado com os membros flexionados, na mesma posição que estava dentro do útero, com as mãos juntas no centro do corpo. Essas condições favorecem seu período de sono e seu desenvolvimento. O bebê fica mais tranquilo e organizado no ninho, pronto para enfrentar melhor seus desafios do dia a dia na UTI.

Se o bebê ficar na incubadora sem o ninho poderá sentir dores, ficar mal acomodado, frequentemente com os membros estendidos, sem nenhum apoio, o que vai contra sua posição dentro do útero e faz com que ele gaste mais energia. Isto pode dificultar o seu crescimento, deixá-lo mais irritado, comprometer o seu período de sono e alterar o seu comportamento e até seu desenvolvimento.

Entretanto, é importante saber que o ninho só pode ser utilizado no ambiente controlado do hospital e da maternidade. Em casa, a recomendação de maior segurança é de um berço limpo, sem nenhum apetrecho (ninho, pano, fralda, travesseiro, protetor ou cobertor) que coloque a vida do bebê em risco. Esses objetos podem levar ao sufocamento, asfixia e até mesmo à morte do bebê.

Vocês agora já sabem que o ninho é bom, seguro e ajuda a deixar o bebê mais tranquilo, mas é fundamental que só possa ser usado durante o período de internação, para auxiliá-lo a vencer os desafios iniciais de vida fora do útero.

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Relator:
Dr. Sergio Tadeu Martins Marba
Departamento Científico de Neonatologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo