Sociedade de Pediatria de São Paulo
Texto divulgado em 02/02/2022
Episódio 9: O que a vovó diria sobre saudade?
O mês de janeiro tem o seu nome ligado à mitologia latina. Vem de Juno, um deus que tinha duas faces, uma voltada para trás e a outra para frente. Fica bem esse nome para esse mês, afinal Janeiro começa um ano (olhando para o futuro), mas encerra outro.
Dito isto, não é estranho que se comemore em Janeiro o “Dia da Saudade” e a vovó fica nostálgica.
O escritor Rubem Alves disse que “A saudade é o bolso onde a alma guarda aquilo que ela provou e aprovou”. Este bolso é especial, onde se guardam rostos, paisagens, cheiros, circunstâncias, sentimentos…
Mia Couto, escritor moçambicano, ao se referir à saudade, diz: “Saudade de um tempo? Tenho saudade é de não haver tempo.”
Mas, para este espaço atenho-me a dizer que feliz é o adulto que tem saudade da época da infância, porque significa que quando criança colecionou momentos intensos de alegria, de fantasias, de descobertas, de traquinices, de ternura, de prazer imenso.
Saudade da infância é o que desejamos que nossos filhos venham a sentir. Devíamos nos lembrar disso todos os dias enquanto somos pais e mães dessas criaturinhas que teimam em crescer, para depois deixar-nos com saudades do tempo em que podíamos brincar com elas, carregá-las no colo e tínhamos a impressão de que podíamos controlá-las e de que éramos tudo que elas precisavam.
Fontes:
Rubem Alves: Crônica Simplicidade e Sabedoria. Acesso em: https://rascunhosemvida.blogspot.com/2010/12/simplicidade-e-sabedoria-por-rubem.html
Mia Couto: O Ultimo Voo do Flamingo. Acesso em: https://citacoes.in/autores/mia-couto/tempo/
Relator:
Fernando M F Oliveira
Coordenador do Blog Pediatra Orienta da Sociedade de Pediatria de São Paulo
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