Sociedade de Pediatria de São Paulo
Texto divulgado em 17/05/2021
O Pediatra, por sua proximidade e confiança que transmite à família, tem o privilégio e também a responsabilidade de cuidar para que a criança se desenvolva com todas as suas potencialidades e a visão é um dos sentidos mais importantes para o seu desenvolvimento global.
Caros Pediatras, Maio é o mês de combate ao glaucoma e a Sociedade Brasileira do Glaucoma Pediátrico organizou um projeto nacional para o diagnóstico e tratamento precoce do glaucoma congênito e convidamos vocês a se engajarem neste movimento.
Pediatra, oriente os pais, avós e cuidadores de seus pacientes para os principais sinais e sintomas desta doença. Divulgue o vídeo da campanha.
A criança com suspeita da doença deve ser encaminhada ao oftalmologista com urgência, para confirmação diagnóstica e possa receber o tratamento com rapidez e eficiência.
O que é Glaucoma Congênito e como o TRV ajuda no diagnóstico?
O Teste do Reflexo Vermelho (TRV) ganhou importância na semiologia do recém-nascido por permitir a detecção precoce de catarata, glaucoma e infeções congênitas. O pediatra deve repetir o TRV em suas consultas de rotina no primeiro mês de vida, bem como no 1º e 3º ano. Os exames realizados mais tardiamente têm a finalidade de diagnosticar precocemente o retinoblastoma, catarata e glaucoma infantil e uveítes.
O glaucoma congênito é uma das principais causas de perda irreversível da visão e se caracteriza pela má formação do sistema de drenagem do olho, já presente ao nascer, que impede a saída do humor aquoso para as vias de drenagem, acarretando elevação da pressão intraocular e alterações secundárias nos segmentos anterior e posterior do olho.
A maioria já está presente ao nascer, mas pode se expressar até o terceiro ano de vida; é pouco mais frequente em meninos e tem herança autossômica recessiva relacionada a mutações dos genes CYP1B1, MYOC e FOXC1.
Os principais sinais e sintomas são: buftalmo (aumento do globo ocular), córnea com diâmetro aumentado, opacidade da córnea por edema (aspecto azulado da córnea), fotofobia ou aversão à luz e lacrimejamento. A pressão intraocular está bastante elevada.
O exame oftalmológico especializado deve ser feito o mais precoce possível e, se confirmado o diagnóstico, realizar a cirurgia ainda no primeiro mês de vida, evitando danos maiores para o olho.
Além do glaucoma congênito primário, existem outros tipos de glaucoma pediátrico, como o glaucoma infantil secundário, o glaucoma congênito associado a anomalias do desenvolvimento e o glaucoma cortisônico.
Casos que demoram a ser tratados apresentam pior prognóstico visual e como os olhos buftalmos estão associados a altas miopias, a prescrição de lentes e estimulação visual devem fazer parte do tratamento pós-cirúrgico.
O Departamento Científico de Oftalmologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo e a Sociedade Brasileira do Glaucoma Pediátrico agradecem sua ajuda na divulgação deste importante projeto.
Relatora:
Rosa Maria Graziano
Departamento Científico de Oftalmologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo