A Terapia Assistida por Animais (TAA) refere-se à utilização de animais no cuidado em saúde. Desde 1860, por meio de registros de Florence Nightingale, observa-se que pacientes na companhia de animais manifestam melhora na saúde, reduzindo a dor, ansiedade, aumentando a socialização e a qualidade de vida. Esta terapia tem sido eficaz no tratamento de diferentes deficiências e problemas de desenvolvimento como paralisia cerebral, desordens neurológicas, ortopédicas e posturais, distúrbios de comportamento, entre outras.
A TAA é uma das ações de humanização em hospitais pediátricos produzindo benefícios sociais, pela oportunidade de comunicação, sensação de segurança, socialização, motivação, aprendizagem e confiança.
O cão é o principal animal utilizado nesse tipo de terapia, pois é muito afetuoso com as pessoas, facilmente adestrado e responde com carinho e amizade ao ser tocado. Outros animais, no entanto, também podem ser utilizados, como gatos, coelhos, tartarugas, cavalos, peixes ornamentais, golfinhos, aves, animais exóticos e outros.
Para o cuidado de crianças e adolescentes com câncer, a introdução do cão, de forma terapêutica, tem colaborado para aumentar a autoestima e a comunicação do paciente com a equipe de saúde, a família e outras crianças, além de compensar déficits afetivos e estruturais. É possível observar o aumento na concentração plasmática de endorfinas e diminuição na concentração plasmática de cortisol, substância que atua diretamente no estado de ansiedade. Isso colabora para uma melhor aceitação da criança aos procedimentos, por se encontrar mais confiante, já que também sente no ambiente hospitalar momentos de prazer, divertimento e alegria.
Estudos evidenciam que os índices de infecção hospitalar entre unidades que recebem a visita de cães e aquelas que não recebem são semelhantes, desde que a equipe de profissionais e proprietários dos animais sigam os procedimentos necessários de higiene e vacinação. Existem protocolos para a entrada da equipe no ambiente hospitalar.
Para as visitas em hospitais, os animais devem: tomar banho com menos de 24 horas de antecedência; obedecer aos cuidados de higiene com as patas; e estar sempre acompanhados do treinador ou proprietário e dos profissionais da equipe de saúde. Além disso, não podem ter contato com animais na rua nem ter acesso às áreas de alimentos, medicação, lavanderia, isolamento, sala cirúrgica etc. As visitas deverão ser periódicas, fora do horário de alimentação e medicação e com autorização do paciente, dos profissionais responsáveis por seus cuidados, seus familiares e acompanhantes.
Além disso, para fazer parte da equipe, os animais devem ser treinados por profissionais após avaliação de seu temperamento, comportamento amigável, entre outras coisas.
Dr. Cão e Terapia Cão Carinho
As fotos apresentadas são das equipes Dr. Cão e Terapia Cão Carinho, realizando visitas em enfermarias de Pediatria, UTI pediátrica e PS pediátrico de um hospital público desde 2007. As equipes mantêm a proporção de dois voluntários humanos para cada cão terapeuta. Imediatamente antes de entrar no hospital, suas patas são higienizadas com xampu específico e as bocas com antisséptico bucal. O procedimento é repetido antes da entrada na UTI e na enfermaria. Ao final das atividades, a equipe também realiza a higienização das mãos com álcool em gel dos pacientes que tiveram contato com os cães.
A interação do cão terapeuta com o paciente ocorre das mais diversas formas. Em alguns casos, a simples curiosidade estimula uma criança desanimada e deprimida a sair do leito. Os cães proporcionam diversão, obedecendo comandos dos voluntários e dos pacientes como sentar, cumprimentar, dar a pata, deitar e rolar, passar por baixo das pernas de uma fila de crianças, buscar e entregar de volta bolinhas lançadas por elas. Alguns cães de porte maior são treinados a puxar trenós e da mesma forma puxam cadeiras de rodas pelo corredor, sob estrita supervisão dos voluntários. Vale ressaltar que, para alguns pacientes internados cronicamente, a visita dos cães representa a única oportunidade de contato com o mundo de fora do hospital.
A internação da criança em meio hospitalar é sempre uma agressão, contribuindo em muitos aspectos para o agravamento do estado afetivo e emocional, o que, por sua vez, pode retardar a recuperação da saúde física. Conforme já observada e comprovada internacionalmente, a inclusão de animais nesse ambiente hostil traz contribuição significativa para a reabilitação dos pacientes.
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Relatora:
Dra. Maria Teresa Torgi Alves
Presidente do Departamento Científico de Cuidados Hospitalares da SPSP.
Com a colaboração de:
Sunao Nishio
Terapia Cão Carinho
Publicado em 24/07/2018.
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