Você já deve ter ouvido várias vezes que a amamentação protege contra o câncer de mama. Isso é verdade? Por que isso acontece?
O câncer de mama é o segundo mais comum entre mulheres no mundo, sendo responsável por cerca de 28% de casos novos por ano. No Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a expectativa para 2018 é de 59.670 casos novos, com grande risco de morte.
Quanto mais cedo se descobre (autoexame das mamas, exames de imagem), maiores as chances de cura e de sobrevida. A maioria dos casos tem bom prognóstico.
A idade, questões hormonais (o estrógeno é o principal envolvido), hábitos alimentares (obesidade), uso de cigarro e consumo de bebidas alcoólicas, sedentarismo e até fatores genéticos podem aumentar os riscos da doença. Assim, como em todas as doenças, também é melhor prevenir.
Agosto Dourado e Outubro Rosa: sensibilização e conscientização
Assim como o agosto é para a amamentação, o outubro é para o câncer de mama. No Brasil o Agosto Dourado é oficial desde 2017, apesar de a Semana Mundial de Amamentação ser celebrada desde 1991. Já o Outubro Rosa teve sua origem nos Estados Unidos em 1990 com a “Corrida da Cura” (Nova York) e um fortalecimento a partir de 1997, quando teve início a promoção de atividades voltadas ao diagnóstico e prevenção da doença.
Estes meses devem ser dedicados à informação, sensibilização e orientação. Se em agosto tivermos sucesso nas nossas ações de estímulo à amamentação, em outubro teremos uma redução de casos e de mortes por câncer de mama no mundo.
Amamentação e câncer de mama
Existem vários fatores que podem proteger a mulher do câncer de mama. Como uma das causas é hormonal (estrogênio), a gestação tem uma redução da ação desse hormônio nesse período. Quanto mais gestações, menos influência do estrógeno, menos riscos.
E durante a amamentação, acontece situação parecida, inclusive controlando (não impedindo) possibilidade de engravidar.
Na gestação e amamentação, a mulher não deve consumir bebidas alcoólicas (para prevenir na gestação a Síndrome Alcoólica Fetal), não deve fumar, usar drogas e buscar uma alimentação mais saudável, controlando, dessa forma, fatores de risco do câncer de mama (28% a menos com todas essas ações).
Mas não são apenas esses hábitos que podem fazer diferença, especialmente no período da amamentação. Essa é uma doença resultante da multiplicação de células anormais da mama, que formam um tumor. Quando a mulher amamenta de forma exclusiva até o 6º mês, complementada até 2 anos ou mais e em livre-demanda, ocorre uma “esfoliação” mais constante e eliminação mais frequente desse (e de outros) tipo de células, também diminuindo as chances da doença.
Vejam os dados das pesquisas mundiais:
– O risco de a mulher que amamenta ter câncer de mama é 22% menor comparado com o das mulheres que nunca amamentaram.
– Quanto mais tempo total de amamentação, maior a proteção. O efeito é “dose-dependente”. Se a soma total for de menos de 6 meses – 7%; entre 6 e 12 meses – 9%; 1 ano ou mais – 26%. E para cada ano a mais que a mulher amamenta – o risco cai 4,3%.
Agosto Dourado e Outubro Rosa – Juntos pela saúde materno-infantil.
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Relator:
Dr. Moises Chencinski
Presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da SPSP.
Criador e incentivador do Movimento Eu Apoio Leite Materno
Publicado em 23/10/2018.
Este blog não tem o objetivo de substituir a consulta pediátrica. Somente o médico tem condições de avaliar caso a caso e somente o médico pode orientar o tratamento e a prescrição de medicamentos.
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