Nota de Repúdio – Síndrome Alcoólica Fetal (SAF)

SPSP – Sociedade de Pediatria de São Paulo
Texto divulgado em 15/10/2018

A Sociedade de Pediatria de São Paulo ficou ciente de que no capítulo de sexta feira, dia 12/10, da novela Segundo Sol, uma gestante ingeriu grande quantidade de álcool e nenhuma advertência foi feita quanto ao gravíssimo problema da ingestão de álcool por uma gestante e o possível comprometimento incurável, com reflexos para toda a vida, a que seu feto foi submetido.

Hoje não há mais dúvidas que o consumo de álcool por uma gestante atinge o feto e pode levá-lo a apresentar malformações congênitas, ou seja, alterações faciais, atraso no crescimento, alterações em diferentes órgãos, sistemas e aparelhos, principalmente no sistema nervoso central, incluindo retardo mental (seu quociente de inteligência é baixo, entre 60 e 70) e desordens de comportamento. Esse conjunto de alterações é denominado Síndrome Alcoólica Fetal (SAF).  As crianças atingidas podem ter problemas relativos a aprendizagem (principalmente de matemática), memória, fala, audição, falta de atenção, incapacidade de resolução de problemas, dificuldades no relacionamento com outras pessoas. Quando adolescentes e adultos apresentam problemas com a lei, além de desordens psiquiátricas.

Até o momento, não se conhecem níveis seguros de consumo de álcool durante a gravidez que garantam o nascimento de uma criança isenta dos efeitos maléficos do álcool.

Não há tratamento para essas alterações, portanto o único recurso de que dispomos é a prevenção, que se baseia em: abstinência total de consumo de álcool pela mulher grávida e em abstinência total de consumo de álcool pela mulher que deseja engravidar. Com essas medidas, a SAF e os efeitos do álcool são evitados em 100% dos casos.

Consequências são inúmeras. Os cuidados com as crianças com SAF ou com portadoras dos efeitos do álcool por envolverem atendimento médico, psicológico, social, ações legais e prevenção, implicam em custos muito elevados para o sistema de saúde, para as famílias e para a sociedade em geral.

A SAF NÃO TEM CURA.

ELA É TOTALMENTE PREVENÍVEL.

TOLERÂNCIA ZERO PARA ÁLCOOL NA GESTAÇÃO!

Assim é que fazemos nosso protesto quanto ao fato, por expor a possibilidade de deixar de alertar e, eventualmente estimular, a sociedade sobre essa verdadeira tragédia.

Esperamos que o autor e a própria rede de TV tomem alguma providência a respeito, evitando que a desinformação traga riscos e prejuízos à população.

Dr. Claudio Barsanti
Presidente da Sociedade de Pediatria de São Paulo

Dra. Conceição Segre
Coordenadora do grupo de trabalho Efeitos do Álcool na Gestante no Feto e no Recém-nascido