Vivemos num mundo disruptivo, criador de “não lugares”. Uma pessoa “estando dentro” se sente fora e, quando “fora” se sente sem lugar, ou seja: está num “não lugar”. E há muitos. Esses “não lugares” são de desconforto, de desalento, de não acolhimento, de isolamento, de sofrimento, de abandono e de conflito. (lugares que ninguém gostaria de estar!). Não há nada de semelhante com “utopia”, que em grego significa “não lugar”.
Neste mundo disruptivo, o “patinho feio” é gerado em larga escala. O personagem da fábula infantil é o diferente, o desigual, o que chama a atenção pelo incômodo, o que parece destoar da conformidade. Qualquer um de nós pode ser um desses “patinhos feios”. Essa classificação estará na dependência de quem olha, de quem avalia. O viés da observação é o fator de incriminação. A palavra se apropria, pois ser diferente parece até um crime.
Zero é 100. A lógica desta afirmação se insere no mesmo caminho de outras expressões, como: “Tolerância Zero” (contra isto ou aquilo); “Abaixo a…” (isto ou aquilo); “Discriminação Zero” (contra isto ou aquilo). Zero é alvo, o ponto de chegada, o máximo que desejamos alcançar. Talvez seja um não lugar utópico. Mas como toda utopia, ela é necessária à vida individual e coletiva.
Quanto menos discriminação, de qualquer tipo, mais saúde mental, física, social e espiritual.
Mais é menos.
Zero é 100.
Relator:
Fernando MF Oliveira
Coordenador do Blog Pediatra Orienta da SPSP