O Portal Terra Notícias divulgou estudo que revela que o som alto pode afetar a memória e os mecanismos de aprendizagem de animais em desenvolvimento. Através de um experimento com ratos, cientistas da Argentina mostraram que a preocupação dos pais com adolescentes que gostam de ouvir música alta não é exagero nem tampouco chateação. O estudo, publicado na revista internacional Brain Research, utilizou camundongos considerados “adolescentes” – com idade entre 15 e 30 dias – pois têm um sistema nervoso semelhante aos seres humanos. Eles foram expostos a intensidades de ruído entre 95 e 97 decibéis (dB) mais altos do que o patamar considerado seguro (70-80 dB), porém abaixo da intensidade de som que produz, por exemplo, um show de música (110 dB). Na conclusão, os pesquisadores descobriram que, depois de duas h oras de exposição, os ratos sofreram danos irreversíveis nas células cerebrais, com anormalidades na área do hipocampo, uma região associada com os processos de memória e aprendizagem.
Terra Notícias, 29 de julho de 2012
http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI6029516-EI8147,00-Musica+alta+pode+afetar+memoria+e+aprendizagem+diz+estudo.html
Comentários:
Dra Renata C Di Francesco
Departamento Científico de Otorrinolaringologia da SPSP
A exposição a sons altos é um problemas em muitas partes do mundo. Não é apenas o ruído ou som desagradável que pode ter consequências desastrosas, a música alta também. Apesar de sentirmos uma sensação de prazer quando ouvimos música em altos volumes, devemos saber que a exposição prolongada ou frequente a sons de alta intensidade pode nos trazer diversas consequências, e não apenas para o ouvido, atingindo também os sistemas cardiovascular, endócrino, imunológicos e psíquico.
Podemos observar que próximo a grandes quedas d’água, cataratas, por exemplo não são encontrados mamíferos superiores, simplesmente porque o som das águas é bastante irritante para eles. Recentemente, estudos mostraram que o som em alto volume também pode interferir na memória, e não apenas por uma falta de concentração, mas sim porque após duas horas de exposição os animais de laboratório apresentaram dano cerebral irreversível, principalmente na área do hipocampo, que é responsável pelos processos de memória e aprendizado.
Outros estudos mostram que fetos reagem diferentemente à intensidade da música à que são expostos. Em baixa intensidade (cerca de 60 dB), há uma melhora do níveis de memória e orientação especial. Quando expostos a altos níveis (90a 100 dB), estes animais após a fase fetal apresentam pior memória e orientação especial que seus pares. O som alto interfere no metabolismo da nor-adrenalina e geralmente de forma irreversível.
Assim, deve-se, sempre evitar a exposição a sons de alta intensidade, ainda que agradáveis.
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Publicado em 14/03/2014.
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