Momento Saúde: Ortopedia

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Mochila causa escoliose?

O uso das mochilas é uma fonte frequente de preocupação dos pais de crianças em idade escolar. Cada vez mais pesadas, elas estão frequentemente associadas a dores nas costas. As mochilas muitas vezes acabam sendo culpadas por várias alterações na postura ou mesmo na estrutura da coluna vertebral, porém não há evidência que elas sejam a causa de escoliose. Mesmo o uso de apenas uma das alças, embora cause uma alteração postural, não pode ser responsabilizado pela formação de uma deformidade da coluna vertebral. Infelizmente a informação que se encontra na literatura pode ser conflitante ou não ter uma evidência científica que respalde muitas das crenças presentes na visão de pais, professores, médicos e fisioterapeutas.

Hábitos de vida saudáveis devem sempre ser encorajados e isso inclui cuidados que devemos ter em relação às mochilas. Dessa forma, são recomendações razoáveis evitar excesso de peso acima de 10% do peso corporal, usar sempre as duas alças das mochilas – uma em cada ombro – e exigir que armários sejam disponibilizados nas escolas. Além disso, é importante o desenvolvimento de políticas de saúde a fim de reduzir os fatores de risco de alterações posturais.

Sapatos para crianças: como escolher?

Uma boa regra para escolher calçados para crianças é lembrar dos quatro “F”, das iniciais em inglês que definem as características do sapato ideal. O primeiro F refere-se ao tamanho certo (fit) e a melhor maneira de definir o tamanho certo para crianças é pelo tamanho da palmilha, que deve ter cerca de 1,0cm de sobra para permitir o deslizamento normal do pé dentro do sapato.

O segundo “F” (flexible) refere-se à flexibilidade, característica que pode ser facilmente testada dobrando-se o calçado. Devem ser evitados calçados muito duros que não permitem o rolamento adequado dos pés. O terceiro “F” é de friction, ou seja, atrito, que significa que o solado deve ser antiderrapante, não muito liso para que a criança não escorregue com facilidade. Por fim, o último “F” (firm) é sobre a firmeza que deve ter a parte posterior do calçado, na região do calcanhar, o chamado contraforte.

Considerando-se todas as características citadas acima, podemos concluir que os melhores calçados para as crianças são os tênis, que permitem com segurança e conforto as atividades próprias desta faixa etária.

Sandálias de borracha ‘Croc’

As sandálias de borracha no modelo “Croc” são muito confortáveis e seu uso está bem disseminado entre as crianças. O modelo mais usado tem sido as sandálias coloridas, que muitas vezes têm sido associadas a acidentes, principalmente em escadas rolantes. Por outro lado, acidentes assim acontecem com o modelo “Croc” e também outros tipos de calçados, cadarços soltos ou peças de roupas. Por isso, é importante que os pais prestem muita atenção nessa situação quando as crianças estiverem numa escada rolante, por exemplo.

Outro ponto a considerar é que esse modelo de calçado, embora seja confortável para andar, não é adequado para correr, pular e todas as “artes” que as crianças aprontam. Isso é sempre imprevisível, motivo que já fez com que diversas escolas tenham proibido seu uso.

Tênis com rodinhas

Os populares tênis de rodinhas, que as crianças adoram, tem sido motivo de preocupação de muitas pessoas. Em primeiro lugar, devemos considerar que os tênis de rodinhas são mais um brinquedo – como patins, por exemplo – do que calçados adequados para uso diário. Assim sendo, eles podem ser usados eventualmente sem maiores problemas.

No entanto, há risco maior de quedas e isso pode causar algumas lesões, além de alterações posturais se forem usados rotineiramente. Como esses tênis são mais altos na parte posterior por causa das rodinhas, quando a criança anda e não desliza, ela tem a tendência de ficar apoiada mais na ponta dos pés, o que leva a uma marcha em equino. Portanto, esses tênis de rodinhas podem ser divertidos, contudo, não são bons calçados para as crianças.

KathrinPie | Pixabay

 

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Relator:
Departamento Científico de Ortopedia

Republicado em 20/12/2017.

Este blog não tem o objetivo de substituir a consulta pediátrica. Somente o médico tem condições de avaliar caso a caso e somente o médico pode orientar o tratamento e a prescrição de medicamentos.

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