As dificuldades fazem parte do processo de aprendizagem da criança, mas é preciso estar atento para identificar um transtorno que exige cuidados específicos
Aprender faz parte do nosso dia a dia: desde que nascemos, estamos o tempo todo aprendendo. Entretanto, o aprendizado formal (acadêmico) é envolto em grandes preparativos e expectativas. As famílias se preocupam e tentam contribuir, oferecendo as melhores oportunidades. Mas e quando a criança não consegue aprender? Nesse momento todos os olhares se voltam para os pequenos e começam as buscas pelas causas desse “fracasso”.
Muitos são os caminhos que surgem, mas qual deles pode ajudar a reverter esse quadro? Qual profissional, quais terapias, quais metodologias educacionais? Essas escolhas podem determinar o desenvolvimento atual e futuro da criança.
Os pré-requisitos para um bom aprendizado são:
Saúde física
Saúde emocional
Cognição – que podemos entender como inteligência
Memória e atenção
Visão: percepção e processamento
Audição: percepção e processamento
Desejo e oportunidade
Ambiente educacional – pedagógico
Motricidade corporal e em especial manual
Equilíbrio
A ideia de que “cada criança tem seu tempo” é muito banalizada e pode atrasar o atendimento adequado. Então, uma criança pode aprender a ler e escrever aos dois anos e outra aos 10 e ser normal? Precisa ficar claro que esse tempo tem limites que devem ser respeitados. Tanto a introdução muito precoce de atividades para a qual aquele sistema nervoso em desenvolvimento ainda não está preparado, quanto um atraso podem levar a desvios na evolução normal.
A idade em que a maturidade neurológica permite o adequado aprendizado da leitura e escrita, base para toda escolaridade, é entre cinco e sete anos de idade. Uma criança pode ter dificuldades por uma série de razões que devem ser investigadas, de acordo com a apresentação clínica, por um profissional médico, pois o diagnóstico correto orientará as terapias e adaptações para que ela, como indivíduo, possa aprender no máximo de sua capacidade.
O pediatra será o primeiro a avaliar e orientar a família e fará os encaminhamentos quando, e se necessário, para o foniatra e/ou neurologista.
Uma observação necessária: a dislexia
Quando as avaliações física, auditiva, visual, emocional, cognitiva e pedagógica encontram-se dentro da normalidade – e mesmo assim ocorrem dificuldades no aprendizado – podemos estar diante de um quadro de dislexia, mais corretamente denominado como Transtorno de Leitura e Escrita. Ele é causado por uma alteração do sistema nervoso central que leva a uma perturbação na aprendizagem da leitura pela dificuldade no reconhecimento da correspondência entre os as letras e seus sons.
Pode ocorrer, ainda, um transtorno específico do aprendizado da matemática, em que a criança terá dificuldades com conceitos de quantidade, contagem, grupos e símbolos numéricos. Esses transtornos podem melhorar com tratamento adequado, mas não têm cura, sendo fundamental um atendimento interdisciplinar envolvendo a fonoaudiologia, psicopedagogia e psicologia.
___
Relatora
Dra. Sulene Pirana
Grupo de Desenvolvimento e Aprendizagem da SPSP.
Publicado em 18/10/2019