O nascimento do bebê é um momento muito esperado, idealizado e sonhado. Mas, infelizmente, nem tudo acontece como planejado e algumas vezes precisamos lidar com situações inesperadas, como a chegada de um filho prematuro.
Nem todos os bebês prematuros passarão por uma internação em UTI, mas grande parte deles poderá precisar, principalmente se a gestação for menor de 35 semanas (final do oitavo mês). Mesmo os bebês que ficam com as mãe em alojamento conjunto podem apresentar mais dificuldades pela imaturidade de seus sistemas: sucção pode ser mais difícil, por exemplo, e icterícia (aquele amarelinho da pele e olhos do bebê) mais frequente, o que podem determinar um período de internação maior do que os 2 ou 3 dias habituais após o parto.
E se o bebê precisar ir para a UTI?
É muito difícil prever quando o bebê terá alta; conforme o bebê amadurece, ele passa a respirar sem precisar de ajuda, sugar com mais eficiência e começa a recuperar seu peso e, assim, sua volta para casa fica mais segura. Em geral, para o bebê ter alta, precisa estar respirando sozinho e sem a necessidade de oxigênio, precisa estar se alimentando adequadamente pela boca (e preferencialmente mamando no seio da mãe) e ter um peso mínimo que varia de hospital para hospital, mas em geral esse peso é por volta de dois quilos. Todos os bebês perdem peso após o parto e levam alguns dias para sua recuperação. Nos prematuros esse processo costuma levar mais tempo. A icterícia, que precisa ser controlada e a avaliação de outras situações relativas à imaturidade do recém-nascido podem alterar os critérios e o tempo da alta. Cada caso é um caso e precisa ser analisado individualmente pela equipe do hospital.
O que os pais podem fazer?
É uma fase e vai passar. Estar junto ao bebê é importante e pode trazer emoções controversas. Assim como você quer levar seu bebê prematuro para casa, existe a consciência de que ele precisa ainda de suporte médico e que o hospital ainda é o lugar mais seguro para ele. Converse com a equipe do hospital para saber como tirar o seu leite para oferecer ao bebê e como o pai pode incentivar a mãe nesse sentido. O leite da própria mãe é o melhor alimento para o bebê, mesmo que ele não possa receber esse leite em um primeiro momento. A presença dos pais, sua voz, seu toque também são muito importantes na recuperação do bebê e fazem toda a diferença no tratamento que ele está recebendo no hospital. A equipe do hospital estará com vocês para compartilhar cuidados do bebê e ajudar na alimentação, na troca de fralda, banho e em outros cuidados.
Rede de apoio
O cuidado de um bebê, prematuro ou não, requer que a mãe seja acolhida e apoiada. Além da família, a equipe que está com seu bebê no hospital pode fazer parte de uma grande rede de apoio. Aproveite o tempo de internação para esclarecer sempre suas dúvidas.
Muitas vezes mães e/ou pais na mesma situação ajudam a lidar com todas os desafios que podem surgir (empatia), mesmo sabendo que seu bebê é único sua evolução não será igual a de outros bebês.
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Relatora:
Daniela Testoni Costa Nobre
Departamento Científico de Neonatologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo