Estudo publicado na revista americana Pediatrics comparou os efeitos de uma dose única de mel com os efeitos do placebo na tosse noturna e dificuldade para dormir associadas à infecções do trato respiratório (ITR) na infância. Foi feito um levantamento com os pais de 300 crianças, de 1 a 5 anos, com ITR e tosse noturna. No primeiro dia da pesquisa nenhuma medicação foi oferecida antes de dormir; no dia seguinte foi oferecida a preparação do estudo: uma única dose de 10 g de mel ou placebo administrado 30 minutos antes da hora de deitar. Os pesquisadores avaliaram a frequência e a gravidade da tosse, a natureza do incômodo da tosse e a qualidade do sono da criança e dos pais. Nos dois grupos – placebo e mel – houve melhoria significativa desde a noite antes do tratamento para a noite de tratamento. No entanto, a melhora foi maior no grupo de crianças que recebeu mel, o que significa que o mel pode ser tratamento para a tosse e dificuldade de sono associados à ITR na infância.
Pediatrics, 6 de agosto de 2012
http://pediatrics.aappublications.org/content/early/2012/08/01/peds.2011-3075.abstract
Comentários:
Dra. Sonia Mayumi Chiba
Departamento Científico de Pneumologia da SPSP
Este artigo avaliou o uso do mel na tosse noturna provocada pelas infecções respiratórias das vias aéreas superiores causados por vírus, conhecidas como resfriados ou gripes. Neste estudo foi feita comparação entre três grupos de crianças que receberam à noite uma única dose de mel de diferentes sabores, e um grupo que recebeu placebo (um extrato parecido com mel). Todos os grupos de crianças que receberam mel e placebo melhoraram da tosse noturna e na qualidade do sono. Mas nas crianças que tomaram mel os resultados foram superiores. A melhora da tosse poderia ser decorrente da evolução natural dos resfriados, uma vez que sintomas da doença como febre, tosse e nariz entupido melhoram com o tempo, mesmo sem medicações.
Este trabalho apresenta algumas limitações, como a avaliação de uma dose de 10g de mel, oferecida para as crianças antes de deitar e a observação da tosse ter ocorrido apenas numa única noite. É um período de observação considerado curto. Seria importante um estudo com tempo maior de duração, que incluísse mais doses de mel, oferecidas por mais dias para os grupos de crianças. Nessas condições, provavelmente os resultados poderiam ser mais confiáveis.
Consideramos que antes de recomendar o uso do mel no combate da tosse para crianças com resfriados/gripes, ainda são necessários mais estudos que demonstrem sua eficácia.
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Publicado em 24/01/2014.
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