Medidas de combate à dengue

Medidas de combate à dengue

A dengue é uma doença infecciosa febril aguda causada por um vírus pertencente à família Flaviviridae e é transmitida através da picada de mosquitos infectados, principalmente pelo Aedes aegypti. Este vetor encontra-se frequentemente em áreas tropicais e subtropicais, o que torna a dengue uma doença predominante nessas regiões. De acordo com os dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que ocorram cerca de 390 milhões de infecções por dengue anualmente em todo o mundo, com aproximadamente 96 milhões resultando em doença com variados graus de gravidade.

A transmissão da dengue ocorre quando uma fêmea do mosquito Aedes aegypti, já infectada pelo vírus (existem quatro tipos de vírus da dengue), pica uma pessoa. Não há transmissão direta de pessoa para pessoa. Após um período de incubação que pode durar de quatro a dez dias, o indivíduo infectado passa a apresentar os primeiros sintomas. É importante salientar que o mosquito se torna capaz de transmitir o vírus durante toda sua vida após um período de oito a dez dias depois de ter se alimentado de sangue contendo o vírus.

As manifestações clínicas da dengue variam desde formas assintomáticas e leves até condições graves, que podem ser fatais. Os sintomas típicos incluem febre alta, dor de cabeça severa, dor “atrás dos olhos”, dores musculares e articulares, mal-estar, vômitos, manchas vermelhas na pele e sangramentos leves. Nos casos mais graves, pode ocorrer a dengue hemorrágica, que é caracterizada por sangramento e queda de pressão arterial, levando a um estado de choque, que pode ser fatal se não for tratado prontamente. Portanto, sempre que suspeitar de dengue, é importante procurar um serviço de saúde e iniciar a hidratação precocemente, para reverter quadros que podem evoluir de forma grave.

A prevenção da dengue foca principalmente no controle e na eliminação do mosquito transmissor. Ações como evitar o acúmulo de água parada em recipientes que podem servir de criadouros para as larvas do mosquito, uso de repelentes, telas em janelas e portas, e o uso de roupas que minimizem a exposição corporal durante o período de maior atividade do mosquito, que é durante o dia, são medidas eficazes. Além disso, campanhas de saúde pública que promovem a conscientização e educação da população são fundamentais para o controle da dengue.

Adicionalmente, o desenvolvimento de vacinas contra a dengue representa uma esperança para reduzir a carga da doença. Em 2015, uma primeira vacina foi lançada no mercado privado, com o nome Dengvaxia®, cuja recomendação é apenas para indivíduos que já foram infectados pelo vírus previamente, de 6 a 45 anos, em um esquema de vacinação de três doses.

Neste ano, uma nova vacina foi aprovada no país e está disponível somente nos serviços privados de imunizações, com o nome de Qdenga® e apresenta características superiores com relação à vacina anterior. A nova vacina é indicada para crianças a partir de 4 anos até adultos de 60 anos, em um esquema vacinal de duas doses (0 e 3 meses).

Projetada para proteger contra os quatro tipos do vírus da dengue, possui eficácia em indivíduos que nunca foram expostos ao vírus da dengue, bem como naqueles que já tiveram a doença anteriormente.

Os ensaios clínicos da Qdenga mostraram que a vacina tem um perfil de segurança favorável e é eficaz na prevenção de casos de dengue sintomáticos e hospitalizações decorrentes da doença. A eficácia e a segurança da vacina foram avaliadas em um extenso programa de ensaios clínicos de Fase 3, chamado TIDES (Tetravalent Immunization against Dengue Efficacy Study), envolvendo mais de 20.000 crianças e adolescentes em áreas endêmicas na América Latina e Ásia.

Por ser uma vacina de vírus vivo atenuado, há poucas contraindicações. Como exemplo, grávidas e pessoas imunossuprimidas não podem receber a vacina. Por isso é sempre importante questionar o seu médico se a vacina pode ser administrada em sua criança e/ou você.

Por fim, a integração entre vigilância ambiental, epidemiológica e suas medidas preventivas, bem como a educação em saúde permanecem como as estratégias mais eficientes para o combate à dengue.

 

Relatora:
Melissa Palmieri
Departamentos Científicos de Imunizações e de Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo
Coordenadora do Blog Pediatra Orienta da SPSP