No dia 15 de outubro é lembrado e comemorado o Dia Mundial da Lavagem das Mãos, uma data criada com três objetivos principais: apoiar uma cultura mundial de lavagem das mãos com sabão, chamar a atenção dos governantes para a importância do ato e aumentar a conscientização sobre os seus benefícios.
A lavagem das mãos é, sem dúvida, a maneira mais simples, eficaz e de maior importância na prevenção e controle da disseminação de infecções virais e bacterianas, devendo ser realizada com frequência durante o dia, pois uma grande quantidade de organismos entra em contato com o nosso corpo inicialmente pela mão.
A adoção desse hábito – somada à descoberta das vacinas e dos antibióticos – foi a grande responsável pela queda vertiginosa das mortes por causas naturais no começo do século XX.
Nos nossos organismos existem micro-organismos que vivem em harmonia com nosso corpo, sem nos causar nenhuma doença. Algumas bactérias são essenciais para a manutenção da saúde de vários sistemas, como a microbiota intestinal e o microbioma da pele. Entretanto, também existem micro-organismos que podem causar problemas graves, e é contra esses agentes que devemos nos proteger.
Até meados de 1800 nem as pessoas, nem os médicos se preocupavam em lavar as mãos – eles iam da dissecação de um cadáver ao parto de uma criança.
Em 1848, um médico húngaro chamado Ignaz Semmelweis, do Hospital Geral de Viena, manifestou preocupação com esse hábito. Um dos problemas mais dramáticos que passavam as clínicas de obstetrícia era a altíssima incidência da infecção pós-parto.
Naquela época ainda não haviam sido descobertos os micro-organismos e o médico húngaro decidiu realizar um experimento. Antes dos partos, os médicos deveriam higienizar as mãos e os seus instrumentos com uma solução de cloro. Depois de alguns meses, a taxa de mortalidade de mães após o parto, que era de assustadores 18%, caiu para 1%.
Infelizmente não deram muito crédito ao Dr. Semmelweis na época, e foi apenas nas décadas seguintes, com a evolução das pesquisas sobre micro-organismos, as descobertas de Louis Pasteur, famoso pela pasteurização, e de Robert Koch, com suas pesquisas sobre cólera, tuberculose, antraz e outros patógenos que aumentou a conscientização sobre a necessidade da prática da higienização de mãos, a ser adotada cada vez mais nas instituições hospitalares e pelas pessoas comuns.
Hoje, lavar as mãos é ato reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um dos principais instrumentos contra epidemias e doenças em geral, podendo reduzir em até 40% a contaminação por vírus e bactérias que causam doenças como gripes, conjuntivites, diarreias, Covid, resfriados, estomatites, entre outras.
Lamentavelmente, atualmente ainda é uma prática difícil de ser implementada. Uma pesquisa realizada com estudantes universitários em 2009, publicada na revista American Journal of Infection Control, mostrou que apenas 69% das mulheres e 43% dos homens lavavam as mãos após urinar, 84% das mulheres e 78% dos homens lavavam as mãos após defecar e, antes de comer — um momento crítico para lavar as mãos -, apenas 10% dos homens e 7% das mulheres lavavam as mãos.
A lavagem das mãos deve ser executada principalmente nas seguintes ocasiões:
- Antes de preparar ou consumir alimentos;
- Antes e depois de se entrar em contato com pessoas doentes ou acamadas;
- Antes e depois de cuidar dos bebês, especialmente após a troca das fraldas;
- Antes e depois de ir ao banheiro;
- Depois de espirrar, tossir ou assoar o nariz;
- Após entrar em contato com animais;
- Após as crianças brincarem ou retornarem da escola;
- Assim que chegamos em casa, vindos da rua;
- Após manipular objetos potencialmente sujos ou contaminados (maçanetas, corrimão, interruptores, celulares, carros, elevadores, carrinhos de supermercado, sacolas de feira, dinheiro, objetos em consultórios médicos ou hospitais, etc.);
- Sempre que as mãos estiverem visivelmente sujas.
É muito importante ensinarmos as crianças a lavarem as mãos com frequência, dando exemplos através do nosso comportamento, explicando sobre a existência de micro-organismos que não vemos e que podem nos causar doenças.
A lavagem correta das mãos precisa seguir alguns passos importantes: deve-se fazer a fricção de toda a superfície das mãos, incluindo as pregas das palmas, o dorso das mãos, a região do polegar e a ponta dos dedos, removendo também a sujeira que fica sob as unhas.
Basta uma lavagem por 20-30 segundos, de forma eficaz com água e sabão e, na falta desses itens, usar álcool em gel 70%.
Transformar a lavagem das mãos em um hábito frequente pode salvar mais vidas do que qualquer intervenção médica e está ao alcance de todos nós!
Vamos comemorar o Dia Mundial da Lavagem das Mãos ensinando nossos pequenos a importância desse hábito tão simples!
Relatora:
Silvia Bardella Marano
Membro dos Departamentos Científicos de Imunizações e Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo