Sociedade de Pediatria de São Paulo
Texto divulgado em 31/03/2022
Em 31 de março, no Brasil, comemoramos o Dia Nacional da Saúde e Nutrição, onde temos uma excelente oportunidade para debater e avaliar a importância das práticas nutricionais e as políticas públicas voltadas a elas.
Mas é bom destacar que isto não se limita a saciar a fome de maneira adequada, uma vez que a nutrição também envolve aspectos ligados ao consumo e sustentabilidade. Os 193 Estados membros da Organização das Nações Unidas (ONU), incluindo o Brasil, comprometeram-se a adotar a chamada Agenda Pós-2015, considerada uma das mais ambiciosas e universais da história da diplomacia internacional.
A partir dela, as nações trabalharão para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que conta com o apoio do UNICEF, caracterizado como um plano de ação para as pessoas, para o planeta e para a prosperidade.
E o que são os ODS?
Representam um plano de ação global para eliminar a pobreza extrema e a fome, oferecer educação de qualidade ao longo da vida para todos, proteger o planeta e promover sociedades pacíficas e inclusivas até 2030; estão baseados nos compromissos nas áreas de pobreza, nutrição, saúde, educação, água e saneamento e igualdade de gênero – os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.
O objetivo específico da nutrição exige o fim da desnutrição, que ameaça a vida das crianças e prejudica a sua saúde e seu crescimento físico, sua educação e seu futuro.
Foi assumido o compromisso, por diversos países, de reduzir a fome no mundo pela metade. No Brasil, o objetivo é reduzir para 2,1% a população de famintos e, segundo dados oficiais do governo, a meta da ONU foi alcançada pelo Brasil em 2002. Em 2007, a meta nacional de reduzir a porcentagem de pobres a ¼ da de 1990 também foi cumprida e superada em 2008.
Mas e o brasileiro, está preocupado com a alimentação saudável e adequada?
Está sim! Mais atento à qualidade do alimento que consome. Segundo a ASBRAN (Associação Brasileira de Nutrição), várias pesquisas sobre os hábitos alimentares dos brasileiros mostram que está havendo uma mudança no perfil: maior preferência por frutas, verduras e legumes, assim como aumento do consumo de sucos naturais, em detrimento dos industrializados, estão lendo mais os rótulos das embalagens e mais preocupados com o valor calórico, a porcentagem de gordura e de sódio.
Segundo o Ministério da Saúde do Brasil, a alimentação adequada e saudável é um direito humano básico que envolve a garantia ao acesso permanente e regular, de forma socialmente justa, a uma prática alimentar adequada aos aspectos biológicos e sociais do indivíduo e que deve estar em acordo com as necessidades alimentares especiais; ser referenciada pela cultura alimentar e pelas dimensões de gênero, raça e etnia; acessível do ponto de vista físico e financeiro; harmônica em quantidade e qualidade, atendendo aos princípios da variedade, equilíbrio, moderação e prazer; e baseada em práticas produtivas adequadas e sustentáveis.
No escopo das ações voltadas à promoção da saúde e da segurança alimentar e nutricional, foi publicado o Guia Alimentar para a População Brasileira – Promovendo a Alimentação Saudável, com as primeiras diretrizes alimentares oficiais para a nossa população, indicando os:
10 passos para uma alimentação saudável
- Fazer de alimentos in natura, ou minimamente processados, a base da alimentação;
- Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e criar preparações culinárias;
- Limitar o consumo de alimentos processados;
- Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados;
- Comer com regularidade e atenção, em ambientes apropriados e, sempre que possível, com companhia;
- Fazer compras em locais que ofertem variedades de alimentos in natura ou minimamente processados;
- Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias;
- Planejar o uso do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece;
- Dar preferência, quando fora de casa, a locais que servem refeições feitas na hora;
- Ser crítico quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais e redes sociais.
E o que mais podemos fazer?
- Evitar o consumo de alimentos ricos em calorias e industrializados, gordurosos e salgados;
- Aumentar o consumo de frutas, verduras e legumes, cereais integrais e feijões;
- Beber bastante água;
- Reduzir ou evitar o consumo de bebidas alcoólicas e o uso do cigarro;
- Fazer exames preventivos e consultar sempre o médico;
- Fazer exercícios físicos regulares, diariamente ou pelo menos três vezes por semana, após avaliação médica;
- Dormir pelo menos 8h num período de 24h.
Estas atitudes simples fazem grande diferença e refletem na saúde.
Mas ainda temos um longo caminho pela frente e a luta em duas frentes: combater a fome e os graves problemas de saúde e a obesidade, que atingem cada vez mais crianças e adolescentes.
E como podemos fazer isso funcionar?
Trabalhar em parceria com a ONU, UNICEF, governo, sociedade civil, empresas, universidades e outras agências. Para fortalecer o que funciona, compartilhar lições aprendidas, inovar para obter melhores soluções e resultados e avaliar o progresso delas.
Saiba mais:
- Dia Nacional da Saúde e Nutrição: comemorar sem se acomodar
- UNICEF. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Ainda é possível mudar 2030.
- Dia da Saúde e da Nutrição.
- Brasil. Ministério da Saúde. Dez passos para uma alimentação adequada e saudável.
- Brasil. Guia alimentar para a população brasileira. Ministério da Saúde, 2014.
Relatora:
Renata D. Waksman
Coordenadora do Blog Pediatra Orienta da Sociedade de Pediatria de São Paulo
Crédito: jbryson | depositphotos.com