A febre amarela é causada por um vírus do gênero Flavivírus (do latim flavus, que significa amarelo) e transmitida ao homem pela picada de mosquitos infectados dos gêneros Hemagogus, Sabethes e Aedes.
O período de incubação no homem é cerca de três a seis dias, após a picada do mosquito, podendo chegar a dez dias.
A infecção pelo vírus da febre amarela determina nos homens desde formas inaparentes ou pouco sintomáticas (cerca de 90% dos casos) e sintomáticas. As pessoas sintomáticas poderão apresentar desde um quadro mais leve com febre e dor de cabeça até hemorragias profusas acometendo múltiplos órgãos, evoluindo insuficiência hepática e renal. Nesta forma a mortalidade pode chegar a 50%.
O diagnóstico é realizado através de sorologia específica e isolamento viral. As formas leves são muito semelhantes a pessoas com resfriado. As formas graves devem ser diferenciadas da dengue, malária, leptospirose e hepatite viral. Não há tratamento específico.
A febre amarela pode apresentar-se em duas modalidades, a silvestre e a urbana. Não há diferença do ponto de vista do agente causador (é o mesmo vírus) ou manifestações clínicas. A doença tem caráter sazonal, ocorrendo com maior freqüência nos meses de janeiro a abril.
Na febre amarela silvestre, os primatas não humanos (macacos) são os principais reservatórios. O homem é um hospedeiro acidental, ao entrar nas áreas de matas, reservas e floresta das áreas de risco para febre amarela. A febre amarela silvestre é transmitida pela picada dos mosquitos Haemagogus e Sabethes.O grupo de maior risco tem sido os maiores de 15 anos de idade, do sexo masculino, e as categorias profissionais mais atingidas são as de lavradores e motoristas de caminhão. Atualmente tem chamado a atenção as pessoas que praticam o ecoturismo.
Na febre amarela urbana, o principal transmissor é o Aedes aegypti. No Brasil os últimos casos de febre amarela urbana ocorreram em 1942. Para o retorno da febre amarela urbana, haveria a necessidade de várias pessoas infectadas pelo vírus da febre amarela em áreas de elevada infestação de Aedes aegypti e no momento, apesar da ocorrência da dengue, não há áreas no Brasil com infestação maiores a 40%.
A melhor forma de prevenção é a vacinação, que deve ser aplicada 10 dias antes da viagem. Esta dose tem validade por 10 anos.
No momento, o Ministério da Saúde indica a vacinação prioritária para:
- a partir dos 6 meses de idade para as pessoas que se deslocam para o estado do Goiás, Tocantins, Distrito Federal e para alguns municípios de Minas Gerais (Arinos, Buriti, Cabeceira Grande, Cascalho Rico, Luislândia e Santo Antonio da Prata) e alguns municípios do Mato Grosso do Sul (Anastácio, Aquidauana, Bonito e Dourados).
- a partir dos 9 meses de idade para as pessoas que se deslocam para áreas de mata, reservas e florestas dos estados do Amapá, Amazonas, Acre, Pará, Rondônia, Roraima, Maranhão e Mato Grosso.
A vacina contra febre amarela está contra-indicada nas seguintes situações:
- crianças menores de seis meses.
- portadores de imunodeficiência congênita ou adquirida, neoplasia maligna.
- pacientes infectados pelo vírus HIV, deve ser levado em conta o CD4 e a carga viral.
- pacientes em terapêutica imunodepressora (quimioterapia, radioterapia, corticóide em doses elevadas).
- gestante, em qualquer fase constitui contra-indicação relativa, devendo-se avaliar caso a caso.
- pessoas com história de reação anafilática após ingestão de ovo.
É uma vacina bem tolerada, cerca de 2 a 10% poderão apresentar febre, dor de cabeça e dor no corpo.
Postos de Vacinação contra a Febre Amarela no Estado de São Paulo
Autora: Dra. Helena Keico Sato
Presidente do Departamento de Infectologia da SPSP – gestão 2007-2009; Diretora Técnica da Divisão de Imunização do Centro de Vigilância Epidemiológica/Centro de Controle de Doenças da Secretária Estadual de Saúde – SP.