SPSP-Sociedade de Pediatria de São Paulo
Texto divulgado em 07/03/2016
Pesquisadores da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), em Florianópolis (SC), publicaram um estudo na Revista Paulista de Pediatria de março de 2016, que investiga a prevalência e os fatores associados com a baixa duração do sono de adolescentes em um município de Santa Catarina.
Os autores comentam que ao longo da vida, o ser humano passa por transformações, tanto físicas como comportamentais. É possível observar, especialmente na adolescência, importantes mudanças nos hábitos de sono, caracterizado por horários de dormir e acordar mais tardios. Essa é uma tendência biológica que pode ser exacerbada, por exemplo, pelo uso de mídias eletrônicas durante a noite, que, somado aos compromissos sociais no início da manhã, aumentam as prevalências de baixa duração do sono nos adolescentes. Pesquisas recentes vêm buscando compreender quais fatores estão associados com a diminuição das horas de sono nessa faixa etária, uma vez que que a baixa duração do sono, especialmente na adolescência, está associada com os déficits cognitivos e com a diminuição da saúde. Nesse sentido, o estudo da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) procurou investigar a prevalência e os fatores associados à baixa duração do sono em adolescentes do município de Maravilha, no estado de Santa Catarina.
Participaram da amostra 516 adolescentes com idade média de 14 anos, amostra baseada na população de 2.969 adolescentes de 10 a 19 anos matriculados no ano de 2013 em escolas públicas do município de Maravilha (SC). O grupo respondeu a questões estruturadas sobre fatores sociodemográficos e também fatores ligados ao sono e à saúde.
Os resultados apresentaram evidências de associações da baixa duração do sono com o turno de estudo e a faixa etária dos adolescentes. A prevalência de baixa duração do sono foi de 53,6% entre os adolescentes estudados. “O ponto mais relevante a ser destacado no estudo foram as altas prevalências de baixa duração de sono encontradas nos adolescentes que estudavam nos turnos matutino e noturno. Nesse sentido, recomenda‐se que exista a oferta de mais turmas no período da tarde em todos os anos escolares e mesmo a criação de um turno intermediário com início no meio da manhã. Por isso, os principais resultados do estudo foram apresentados à Secretaria de Educação de Maravilha, que se encarregará de estudar nossas sugestões”, afirmou o professor Dr. Érico Pereira Gomes Felden, um dos autores da pesquisa.
Segundo Felden, o estudo representa um avanço no conhecimento científico ao analisar variáveis importantes para a saúde dos adolescentes, em especial o sono. O maior avanço está em alertar sobre a alta prevalência de baixa duração do sono nessa faixa etária e as possíveis implicações que este comportamento pode acarretar, uma vez que a baixa duração e a qualidade ruim do sono estão, em muitos casos, associadas à maior presença de patologias, de estresse e maior incidência de alergias, conforme analisa o estudo. “Os resultados apontam a necessidade de redefinir políticas públicas voltadas a higiene do sono dos adolescentes. Principalmente no que se refere ao estabelecimento de horários de início das aulas mais tardios para os adolescentes que estudam no turno matutino”, finalizou Felden.
A pesquisa foi realizada com o apoio da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC).
Contato: Érico Pereira Gomes Felden
Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)
E-mail: [email protected]